Menos de um mês após desistir da mega-aquisição da International Paper, a Suzano acaba de anunciar seu segundo M&A no exterior, em uma transação que marca a primeira operação 100% própria da companhia nos Estados Unidos e mostra uma rota alternativa (e menos alavancada) para estabelecer as bases da empresa fora do Brasil.
A companhia da família Feffer anunciou nesta sexta-feira à noite a aquisição de duas fábricas de papel cartão da Pactiv Evergreen, por US$ 110 milhões (cerca de R$ 650 milhões) Ao contrário do que seria a compra da International Paper, que custaria mais de US$ 15 bilhões, a compra das fábricas não mexe o ponteiro do endividamento da companhia.
Desde que a Suzano desistiu da compara da Internacional Paper, analistas já vinham apontando que a companhia faria valer seu histórico de alocação de capital consciente, buscando M&As menores como uma via de acesso ao exterior.
Há duas semanas, a Suzano já havia anunciado a compra de 15% da austríaca Lenzing, uma das maiores produtoras de viscose do mundo.
As fábricas adquiridas da Pactiv ampliam a presença da companhia na América do Norte e marcam a entrada da Suzano no mercado de embalagens para consumo e foodservice na região. Até agora, a presença da Suzano na América do Norte estava resumida a um escritório em Fort Lauderdale, na Flórida, e um centro de tecnologia próximo a Vancouver, no Canadá.
O principal diferencial dos ativos adquiridos é a produção de papel cartão usado na produção de embalagens de líquidos (como a embalagem do leite) e em copos de papelão para bebidas quentes e frias (Cupstock, no jargão). Hoje, a Suzano não produz esse tipo de papel cartão nem mesmo em suas fábricas no Brasil.
Os ativos adquiridos têm uma capacidade de produção de aproximadamente 420 mil toneladas por ano, disse a companhia. Além disso, estão em uma localização privilegiada, no Arkansas e na Carolina do Norte, regiões com acesso a grande quantidade de madeira, baixo custo de energia e acesso fácil a rodovias, portos e ferrovias.
Além da aquisição, a Suzano comunicou aos investidores que formalizou um acordo de longo prazo com a Pactiv Evergreen para continuar fornecendo o papel cartão usado em embalagens de líquidos nas unidades de conversão da empresa norte-americana.
A compra dos ativos ainda está sujeita ao aval das autoridades antitruste nos Estados Unidos.
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Na bolsa, a companhia da família Feffer vale R$ 68,2 bilhões. Em doze meses, os papéis caem 5%.
