Se alguém quiser entender como funciona o jeito de gestão da JBS, um exemplo emblemático ocorreu no último sábado em Diamantino, município mato-grossense de 22 mil habitantes.
A cidade abriga um abatedouro da Friboi que foi destruído por um incêndio em 10 de junho — não houve feridos. Anteontem, a cúpula da JBS esteve na cidade para anunciar uma solução à comunidade local.
A resposta: transformar a unidade no maior frigorífico de bovinos do Brasil, com capacidade de abate para 3,6 mil cabeças de gado por dia. A decisão, que demandará um investimento da ordem de R$ 800 milhões, significa triplicar a capacidade da planta de Diamantino.
O anúncio contou com a presença do ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, do ministro do STF, Gilmar Mendes, que é natural de Diamantino, além de parlamentares locais.
Do lado da JBS, Gilberto Xandó (presidente da companhia no Brasil) e Renato Costa (CEO da Friboi) estiveram presentes. Os irmãos Wesley e Joesley Batista, da controladora J&F, também acompanharam o anúncio.
“Com esse aporte, teremos a maior unidade da Friboi no país. É uma demonstração de como a região é estratégica para nós”, disse Wesley.
Capacidade de abate
A JBS se comprometeu a preservar os empregos dos 1,4 mil funcionários que trabalhavam no frigorífico enquanto a reconstrução e ampliação não fica pronta, o que deve levar seis meses. Depois disso, vai dobrar o quadro de colaboradores para 2,8 mil.
Atingir a capacidade de 3,6 mil cabeças de gado por dia não é um desafio trivial. Atualmente, duas das mais relevantes unidades da Friboi — as plantas de Mozarlândia, no norte de Goiás, e Campo Grande II, capital do Mato Grosso do Sul —, não abatem mais de 2,5 mil.
Para ser ter uma dimensão, uma das maiores plantas da rival Marfrig no Brasil fica em Várzea Grande, perto de Cuiabá, e tem capacidade para abater 2,4 mil animais por dia. “Precisa de boi e capacidade para operacionalizar este volume todo dia”, pondera um executivo da indústria.
A Friboi possui 35 frigoríficos e é a maior indústria de carne bovina do país. No ano passado, a unidade que reúne os negócios de carne bovina, couros e subprodutos no Brasil fez uma receita líquida de R$ 58,9 bilhões, o equivalente a 15,7% das operações da JBS em todo o mundo.
A JBS está avaliada em R$ 40 bilhões na bolsa.