No meio de um processo de liquidação extrajudicial, a gaúcha Languiru atrasou os pagamentos devidos aos investidores dos CRAs emitidos pela endividada cooperativa.
A informação veio a público nesta quinta-feira, derrubando o preço das cotas do VGIA11, o Fiagro da Valora. Na bolsa, as cotas do fundo caíram 3,6%, um patamar alto para essa classe de ativos.
Coube à própria Valora informar os cotistas sobre o atraso. No relatório gerencial do VGIA11, divulgado hoje, a gestora informou que houve um “impasse” relacionado à amortização que “deveria ter acontecido” na segunda-feira (21 de agosto).
Pelos documentos da Opea, que fez a securitização dos CRAs da Languiru, a cooperativa deveria ter amortizado cerca de R$ 8 milhões (o equivalente a 16%) dos títulos.
Ao todo, a Languiru emitiu três CRAs, ambos parte do portfólio do VGIA11. Os três somam R$ 98 milhões, o equivalente a 11,9% do PL do fundo. A Valora estruturou e encarteirou a maior parte dos títulos.
A gestora não deu detalhes sobre razões do impasse e tampouco se uma parte da amortização devida foi paga.
No relatório, a gestora disse ter suspendido, “momentaneamente”, as negociações com a Languiru para buscar os valores inadimplentes com a execução de garantias. Entre as garantias, estão a cessão de direitos creditórios, aval dos dirigentes da cooperativa e a alienação fiduciária de máquinas e equipamentos.
O Fiagro da Valora é um dos mais relevantes da indústria. Com R$ 882,8 milhões de patrimônio, o fundo é o mais negociado da B3 e o líder em número de cotistas (122,8 mil pessoas).
O VGIA11 é também um dos mais rentáveis. De acordo com dados da Economática, o fundo distribuiu o equivalente a 17,3% em dividendos nos últimos doze meses, o quinto melhor desempenho do mercado.
Procurada, a Valora não respondeu até a publicação.