Biocombustíveis

Quando o milho mais barato vai chegar ao balanço da FS

Companhia comandada por Rafael Abud travou 76% do milho da atual safra com preços 6% mais baixos. O grande alívio de custos, no entanto, só virá na próxima temporada

A forte queda no preço do milho deve começar a beneficiar os resultados da FS nos próximos trimestres —só em 2023 o grão caiu cerca de 30% em Chicago. Mas como a produtora de etanol de milho segue uma política de compras antecipadas de insumos, o alívio demora mais para chegar integralmente ao balanço, mas ele virá.

A FS já travou 78% e 16% da sua demanda de milho para 2023/24 e 2024/25, respectivamente, com preços 6% e 26% mais baixos em relação à safra 2022/2023, mostrou um relatório do BTG Pactual sobre os resultados da empresa no primeiro trimestre do ano safra.

O primeiro trimestre da safra 2023/24 foi marcado pela entrada em operação da nova planta de etanol de milho, em Primavera do Leste (MT), resultando em um aumento de 45% no volume processado e de 5% na receita líquida (R$ 1,65 bilhão).

Lavoura de milho
FS travou 16% de sua demanda de milho para a safra 2024/25 a preços 26% mais baixos do que os da temporada 22/23 |Crédito: Shutterstock

O Ebitda, no entanto, caiu 44% em relação ao mesmo período do ano passado e atingiu R$ 377 milhões. A margem Ebitda caiu 15 pontos percentuais, para 20,7%, impactada pelos preços mais baixos do etanol e aumento de custos com grãos e biomassa. Com isso, a alavancagem aumentou 0,4 ponto percentual, para 2,4 vezes o Ebitda. E ainda deve atingir o pico no segundo trimestre, em 2,5 vezes, segundo os analistas do BTG.

A partir daí, a matéria-prima mais barata, o recente aumento no preço dos combustíveis pela Petrobras e o ramp-up da nova planta devem contribuir para reduzir a alavancagem, diz o BTG.

A posição de caixa da empresa é suficiente para honrar as dívidas nos próximos dois anos, que somam R$ 2,38 bilhões. No primeiro trimestre, a FS emitiu R$ 1,15 bilhão em CRAs com vencimento de 6,5 anos e recomprou US$ 168 milhões em bonds com vencimento em 2025 (US$ 512 milhões continuam em negociação).

Com os títulos no exterior sendo negociados a 8,4% ao ano até o vencimento, eles apresentam melhor remuneração do que bonds de PetroRio e CSN vencendo em 2026, observa o BTG.

Assim, investidores que carregarem os bonds da FS até o vencimento podem fazer um bom negócio, especialmente considerando a possibilidade de a empresa refinanciar a dívida e seu forte acesso ao mercado de capitais. “Se o preço dos bonds se deteriorar na esteira de resultados mais fracos, pode ser uma oportunidade de compra do papéis”, defendeu o BTG.

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