Biológicos

Vittia, enfim, enxerga a luz no fim do túnel

No fim do primeiro semestre, a carteira de clientes já havia crescido 12%

Às vésperas do início da safra de soja, a Vittia vê uma luz no fim do túnel se aproximar. Em mais um sinal de que os produtores voltaram a comprar insumos, Wilson Romanini, CEO da companhia, disse nesta quarta-feira que o segundo semestre tem tudo para marcar um ponto de virada para os resultados da empresa.

A leitura do empresário não é isolada. Nos últimos dias, revendas como Agrogalaxy e 3Tentos e a sementeira Boa Safra trouxeram perspectivas similares.

Por enquanto, os efeitos ainda não apareceram no balanço. Nos primeiros seis meses do ano, a receita ficou estável, em R$ 221,5 milhões. Ao longo do período, ganhou impulso principalmente a venda de biológicos, que aumentou 74% só nos três meses encerrados em junho, mas outras linhas de produtos (como fertilizantes foliares) caíram.

Nesse contexto de faturamento estável, o aumento de 4,9 pontos percentuais nas despesas gerais e administrativas pesou sobre o lucro bruto e, consequentemente, sobre o Ebitda da Vittia, que passou de positivo em R$ 6,8 milhões para negativo em R$ 11 milhões no semestre.

No balanço, a Vittia pontuou que o aumento do SG&A está relacionado ao investimento na força comercial, além de uma provisão para pagamento de remuneração variável no fim do segundo trimestre de quase o triplo do mesmo período do ano passado.

O resultado operacional mais fraco foi o principal fator para o aumento do prejuízo da companhia no período, que passou de R$ 2 milhões na primeira metade do ano passado para os quase R$ 17 milhões registrados no primeiro semestre de 2024.

O alívio se aproxima?

Em call com analistas, Romanini ressaltou que o primeiro semestre é sazonalmente mais desafiador. “O período de entressafra gera um faturamento pouco representativo, que não permite a diluição do custo fixo”, afirmou a investidores.

A mensagem foi clara: é ao segundo semestre que se deve prestar atenção. No fim do primeiro semestre, a carteira de clientes já havia crescido 12% ante o mesmo período de 2023.

Com a expectativa de aumento de vendas se concretizando, a companhia imagina que conseguirá diluir mais custos e despesas e mantém a expectativa de resultados positivos ao longo do ano.

Mesmo nesse ambiente mais desafiador que marcou o primeiro semestre, a companhia da família Romanini mostrou disciplina para manter as despesas financeiras sob controle: a Vittia reduziu a dívida líquida em 10,4%, totalizando R$ 119 milhões.

Assim, conseguiu manter o endividamento sob controle. A alavancagem, de 1,18 vez, é ligeiramente superior à 0,80 vez registrada no mesmo período do ano passado.

Recompra de ações

Com todos esses esforços para a geração de valor e diante de uma desvalorização de quase 35% nas ações ao longo do ano, a Vittia tem apostado na recompra dos papéis como uma avenida importante de alocação de capital.

Em um relatório recente, os analistas do Itaú BBA ressaltaram que a sangria com os papéis pode ter ido longe demais. Na visão do time liderado por Daniel Sasson, as ações negociam como se a companhia não fosse gerar qualquer valor no longo prazo.

A gestão da Vittia concorda com os analistas. Na apresentação de resultados, a Vittia destacou o programa de recompra de até 4,5 milhões de ações, o que equivale a 8,9% do free float.

****

Na bolsa, a Vittia vale R$ 926 milhões.