Quando a BRF vai bem, a vida da controladora Marfrig fica mais fácil, mesmo com as dificuldades na indústria de carne bovina dos Estados Unidos comprimindo os resultados da National Beef, a principal divisão da companhia de Marcos Molina.
Impulsionada pelo ciclo espetacular da carne de frango que anima a dona da Sadia e pelo ciclo da pecuária no Brasil, a Marfrig conseguiu gerar R$ 419 milhões em caixa, contribuindo para uma queda ligeira nos índices de endividamento — em junho, a alavancagem marcou 3,38 vezes.
No segundo trimestre, a Marfrig registrou um Ebitda de R$ 3,4 bilhões, com margem saindo de 6,9% no mesmo intervalo do ano passado para 9,7%. Mas o salto de 2,8 pontos da margem só foi possível por causa da BRF.
Responsável por 43% do faturamento da Marfrig, a dona da Sadia registrou uma margem de 17,6%, incremento de 9,3 pontos. Em compensação, o gado mais caro nos Estados Unidos reduziu a margem da National Beef em 2,3 pontos, fechando o trimestre em 2,9% — bem acima dos 0,3% da rival JBS USA.
O ciclo da pecuária nos EUA
Se é verdade que o gado mais caro nos Estados Unidos deve se prolongar por alguns anos, como parte do processo de recomposição do rebanho no País, há indícios de que esse movimento (que estava atrasado) vai começar.
Depois de muito atraso na retenção de vacas, que é necessário para produzir mais bezerros e aumentar a oferta em dois anos, alguns sinais promissores começaram a aparecer, sugeriu Tim Klein, CEO da National Beef, em entrevista a jornalistas.
“Não vimos nenhuma retenção significativa de novilhas ainda, mas vimos a queda do abate no ano e isso costuma ser um precursor da retenção”, disse Klein.
Enquanto a recomposição do rebanho não acontece, parece inevitável que os frigoríficos americanos reduzam a utilização de capacidade instalada, uma medida racional para segurar as margens.
“A indústria está operando na casa de 80% a 82% de utilização de capacidade, mas acho que vai cair para a casa de 70% altos, que é o que normalmente ocorre nesses momentos”, explicou.