Ferrovias

Rumo prevê gastar mais com Ferrovia do Mato Grosso e ações caem

Aumento do custo por quilômetro para construção de novo terminal chamou a atenção de analistas; ações caem mais de 3%

Com uma queda de 3%, as ações da Rumo estão na terceira maior baixa do Ibovespa nesta segunda-feira, refletindo a atualização da companhia para a previsão de gastos com a Ferrovia do Mato Grosso, o primeiro projeto estadual desse tipo no País.

A Rumo informou a investidores que vai adicionar R$ 500 milhões em capex para o projeto, refletindo a construção de um novo terminal de transbordo, anunciado ao mercado pela primeira vez em novembro de 2022.

O terminal, segundo a Rumo, deve ter uma capacidade anual de 10 milhões de toneladas, com potencial para expansão. A companhia sinalizou nesta manhã, entretanto, que vai construi-lo sem um sócio, algo que não constava nas projeções iniciais.

É uma escolha diferente da feita nos terminais da Malha Central, que foram desenvolvidos principalmente com parcerias, bem como no caso da união com a CHS para assumir o terminal da DPW no Porto de Santos.

Mais do que o montante adicional, chamou a atenção do mercado o aumento do custo por quilômetro, já que o novo terminal deve ficar mais perto de Rondonópolis do que se previa anteriormente. Ficará a 160 quilômetros, ante a projeção inicial de 211 km — o que implica um aumento de 35% por quilômetro construído, pontuam os analistas Bruno Amorim e João Frizo, do Goldman Sachs. 

Ao todo, a companhia vai gastar entre R$ 4,6 bilhões e R$ 5,1 bilhões com a obra até 2026, quando será concluída a primeira fase do projeto, que tem como objetivo ligar Rondonópolis a Lucas do Rio Verde até 2030. O montante final não traz mudanças substanciais em relação aos modelos anteriores de analistas.

Eudis Furtado, vice-presidente comercial e de desenvolvimento de negócios da Rumo, ressaltou em entrevista ao The AgriBiz que, daqui até 2030, a companhia deve construir diferentes terminais periodicamente, com, em média, 200 quilômetros de distância. 

O intuito é ligar esses terminais à Malha Paulista, ferrovia à qual o projeto estadual estará plugado. Dessa forma, a empresa conseguirá, a partir de 2027, começar a escoar os grãos que chegarem a essa ferrovia até Santos, diminuindo o uso de caminhões.

Considerando o projeto inteiro, que deve ficar pronto em 2030 e envolve a construção de 740 quilômetros de ferrovias, o benefício aos produtores de grãos vai chegar a, em média, US$ 5,50 por tonelada graças à redução do trecho rodoviário, que vai cair dos atuais 600 quilômetros para cerca de 100 quilômetros.

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Analistas mantêm a recomendação de compra para o papel, dado o desconto em relação à média. Hoje, a Rumo é negociada a 7,3 vezes EV/Ebitda para 2025, nas contas dos analistas do Goldman, em relação à média de 8,5 vezes – o que abre espaço para um re-rating.

A principal questão para a tese, em curto prazo, continua sendo o tamanho do reajuste dos contratos de take-or-pay a serem praticados pela empresa. No mercado, a expectativa é de que os contratos sejam fechados mais tarde neste ano, fazendo perdurar por mais tempo a dúvida sobre os números reais de 2025.

Na bolsa, a Rumo vale R$ 42 bilhões. No ano, as ações acumulam variação de 2,7%.

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