A Vamos captou R$ 856,2 milhões na emissão de CDCAs anunciada há pouco mais de um mês. O montante foi dividido em duas tranches, ambas com vencimento em sete anos: na primeira, que paga IPCA +7,91%, o volume emitido foi de R$ 369,5 milhões, e, na segunda, de juros pré-fixados de 13,62%, a Vamos levantou outros R$ 486,7 milhões, apurou The AgriBiz.
A demanda veio cravada em 1x o book, já considerando o lote adicional. A oferta base da Vamos era de R$ 685 milhões, com um greenshoe de 25%.
A oferta saiu no teto previsto, mas ainda assim a patamares bastante vantajosos para a companhia. Hoje, no mercado secundário, os títulos da Vamos são negociados a CDI+2,5%, tornando o isento quase 100 pontos-base mais barato para a empresa, nas contas de um analista.
A oferta, restrita a investidores qualificados, veio pouco tempo depois da emissão recorde de R$ 8,5 bilhões do BTG Pactual, cuja demanda chegou a R$ 12 bilhões. Além disso, a oferta da Vamos também veio ao mesmo tempo que a oferta de debêntures incentivadas da Santos Brasil, que captou R$ 2 bilhões.
A emissão da companhia controlada pela Simpar foi a última antes de o CMN fechar o cerco às emissões desses títulos, aplicando a eles as mesmas regras colocadas aos títulos isentos (CRA, CRI, LCI, LCA e LIG) em março deste ano.
Para a Vamos, as emissões de CDCAs (sigla para Certificado de Direitos Creditórios do Agronegócio) não eram exatamente uma novidade. Em várias das captações realizadas nos últimos anos, a companhia usou CDCAs como lastro para a emissão de CRAs (Certificado de Recebíveis do Agronegócio).
Hoje, do endividamento total da companhia, que soma R$ 12 bilhões, cerca de 25% (R$ 3 bilhões) são CRAs. Do volume total de CRAs, R$ 1,1 bilhão está lastreado em CDCAs e o restante em debêntures — um “CRAbênture”, como se convencionou chamar no mercado.
O funding mais barato deve ajudar na gestão da estrutura de capital da Vamos. A meta da companhia é continuar com um índice de alavancagem (dívida líquida/Ebitda) abaixo de 3,75 vezes, limite estabelecido nos covenants de empréstimos. Em junho, o indicador estava em 3,39 vezes.
Embora não seja uma companhia exatamente agrícola, a Vamos é bastante exposta ao setor. No aluguel de caminhões, principal negócio da empresa, seus principais clientes são companhias agrícolas ou agroindústrias.
Nos últimos anos, a Vamos também se consolidou como uma grande concessionária de máquinas agrícolas, distribuindo as marcas da AGCO (Massey Ferguson, Fendt e Valtra).