BROTAS (SP) – Após um ano de “sabor doce” no lado imobiliário e de um certo “amargor” no lado operacional, a BrasilAgro continua esperando melhores retornos do mercado de terras, que agora apresenta boas oportunidades de compra em meio ao baixo preço das commodities e dificuldades financeiras de alguns produtores agrícolas.
Essa é a visão que André Guillaumon, CEO da companhia, apresentou a investidores durante o BrasilAgro Day, realizado nesta quinta-feira na Fazenda Alto da Serra, em Brotas, no interior de São Paulo. Depois de um ritmo intenso de vendas nos últimos cinco anos, que movimentou R$ 1,8 bilhão, a empresa está aberta as compras.
Segundo Guillaumon, o estresse financeiro no setor tem aberto possibilidades de ampliação e oxigenação do portfólio. A lógica, segundo ele, não é realizar a compra pensando somente na venda, mas também em como o ativo pode ser rentável para a empresa dentro da porteira.
“A fortaleza do nosso negócio é combinar estratégia”, disse o CEO a jornalistas durante o evento. “Nos próximos cinco anos, nos parece que seremos uma companhia mais compradora do que vendedora de terras”, acrescentou.
Diversificação
Outro ponto central da estratégia da BrasilAgro é a diversificação. Neste ano, para aproveitar o bom momento dos preços do açúcar, a companhia arrendou uma fazenda de 7 mil hectares para o plantio de cana-de-açúcar — local onde foi realizado o principal evento com analistas da empresa este ano.
A empresa já atuava como fornecedora de cana para usinas de Mato Grosso e do Maranhão dedicadas exclusivamente à produção de etanol, o que limitava a remuneração da empresa apenas ao biocombustível. Agora, ao fornecer a cana produzida em Brotas para a Raízen, a BrasilAgro passa também a se beneficiar dos preços do adoçante.
A companhia também planeja construir uma unidade para armazenamento de grãos, de preferência no Mato Grosso.
Safra 2024/25
A La Niña, que tem atrasado o início do período úmido no Centro-Oeste, jogou a expectativa de início de plantio da soja em Mato Grosso para o início de outubro — no ano passado, a semeadura começou em 22 de setembro. Mas ainda é cedo para falar em consequências para a safrinha, segundo Guillaumon.
Se o plantio da soja atrasar demais, a empresa pode substituir uma parte da área que seria cultivada com a oleaginosa por algodão que seria plantado apenas na safrinha. Se o clima ajudar, a companhia pretende elevar a área plantada com soja em 9,8% na próxima safra, para 77,5 mil hectares. Já o plantio de algodão deve avançar 61%, para 11,5 mil hectares, e o de milho pode subir 14%, para 14,9 mil hectares.
*A jornalista viajou a convite da BrasilAgro