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BYD lança caminhonete híbrida com aposta no ‘agro sustentável’

Montadora fez megaevento de lançamento em Goiânia com o desafio de conquistar um setor numa realidade ainda bem distante dos híbridos

Shark, a caminhonete híbrida da BYD | Crédito: Divulgação

GOIÂNIA (GO) – Os carros elétricos têm conquistado seu espaço no Brasil bem longe do agro, seja por questões práticas, de mercado ou até ideológicas. Mas isso não intimidou a BYD a investir em um megaevento neste final de semana em Goiânia (GO) para lançar a sua primeira caminhonete híbrida no País, a Shark.

A aposta da montadora chinesa é a nova geração de produtores agrícolas, vistos como mais sustentáveis e tecnológicos. “Não tenho dúvidas de que o produtor rural hoje é completamente aberto (aos veículos híbridos). Ele tem a mensagem de sustentabilidade muito forte”, disse Alexandre Baldy, vice-presidente sênior da BYD no Brasil.

O executivo comparou a transição do motor a combustão para os carros híbridos à substituição das aeronaves para os drones na pulverização aérea de defensivos nas lavouras. “Isso foi uma transição gigantesca, com custo alto, mas aconteceu”, disse.

Apresentada como uma picape média, a Shark é a mais potente do segmento, garante a BYD — por isso, foi chamada de “super híbrida” diversas vezes durante o evento de apresentação.

A BYD Shark conta com dois motores: um frontal de 231 cavalos, movido a gasolina, e o elétrico, traseiro, de 204 cavalos. A autonomia 100% elétrica do veículo é de 100 quilômetros, um diferencial na categoria. Com os dois motores (elétrico e combustão), ela pode rodar até 840 quilômetros. Na cidade, o veículo tem um consumo médio de 24 quilômetros por litro de gasolina, segundo a montadora. 

Test drive no barro

Com 437 cavalos de potência, o carro foi colocado à prova em um curto trajeto off-road e passou pelo barro (bastante) molhado sem dificuldades. Mesmo motoristas menos experientes nesse tipo de trajeto conseguem controlar o carro e dirigi-lo com conforto — que o diga a experiência desta repórter ao volante. 

Test drive da BYD Shark realizado neste final de semana durante evento de apresentação em Goiânia | Crédito: Karina Souza

No asfalto, surpreende a arrancada da caminhonete, que vai de zero a 100 quilômetros por hora em 5,7 segundos. O torque instantâneo do motor elétrico vai exigir disciplina no volante, ainda que o carro permaneça também bastante estável mesmo em curvas mais fechadas. O conforto é atribuído à suspensão independente de braço duplo tanto na parte dianteira quanto na parte traseira, que trazem mais equilíbrio ao veículo.

O carro conta ainda com três tomadas 220 volts na caçamba, permitindo que a caminhonete seja fonte de energia para plugar dispositivos externos. 

Dentro da cabine, destaque para o volante que permite escolher entre diferentes tipos de declive na hora de dirigir, além da ampla quantidade de câmeras — incluindo uma embaixo do carro. Nos detalhes estéticos, a BYD aposta em detalhes em couro nas portas e num painel emborrachado, refletindo o ar “premium” para o lançamento. 

Também é possível projetar no vidro dianteiro as informações do velocímetro, um ponto que visa trazer mais conforto ao dirigir. Além, é claro, de carregadores de indução e de um sistema de NFC, em que é possível destrancar o carro usando o celular.

Um preço alto?

Todo esse mix de tecnologia cobra um preço alto. A BYD Shark chegou ao Brasil por R$ 379,8 mil, uma das picapes mais caras entre as médias. Para referência, o modelo mais caro da Ranger Limited custa R$ 351,9 mil. O lançamento da BYD fica apenas atrás da Ranger Raptor entre as picapes médias. A caminhonete é vendida a mais de R$ 400 mil, como mostram dados do site da Ford. 

Baldy justifica o preço com a capacidade que o carro traz. “Nós temos as características de uma picape grande dentro de uma picape média”, afirmou.

A Santander Financeira é a parceira da BYD para o financiamento dos veículos. No evento, César Janikian, presidente da divisão, anunciou um “plano fazendeiro”, em que será possível comprar o carro a partir de 20% de entrada e optar por parcelas trimestrais, semestrais ou anuais. 

“Você pode adequar o pagamento da sua prestação de acordo com a safra que você produz”, resumiu o executivo. Para compras no CNPJ, ainda não há uma porcentagem de desconto definida, mas, no geral, gira em torno de 6% a 10% no banco.

Produção local

A montadora não divulgou quantos veículos deve trazer para o Brasil neste primeiro momento, tampouco expectativas iniciais de vendas relacionadas à BYD Shark. Existe, no entanto, a possibilidade de que o modelo passe a ser fabricado na planta da montadora na Bahia a partir do próximo ano.

Nos próximos 30 dias, deve ser realizado um evento de visita técnica para mostrar a atualização da obra de reforma desde a compra da fábrica da Ford. 

A fábrica da BYD — que pertencia anteriormente à Ford — deve começar operações de montagem de veículos em dezembro deste ano e a fabricá-los de maneira completa até o fim do primeiro semestre do ano que vem. Por enquanto, apenas o modelo Song Pro foi confirmado como um modelo a ser fabricado no Brasil. “Nós estamos convencendo a nossa matriz para que a BYD Shark também seja produzida no Brasil”, disse Baldy. 

* A jornalista viajou a convite da BYD