A quase centenária Coruripe, uma das mais antigas usinas do País, está em conversas com bancos no Brasil para levantar cerca de US$ 300 milhões em um empréstimo sindicalizado, apurou The AgriBiz.
O objetivo da companhia de açúcar e etanol é usar os recursos do financiamento para resgatar os bonds que vencem em 2027, alongando drasticamente o perfil das dívidas.
Neste momento, há pelos menos três bancos engajados nas conversas com a Coruripe: Rabobank, Itaú BBA e XP Investimentos, disseram as fontes. A expectativa é que a operação ocorra ainda neste ano, com alguma chance de sair em novembro.
Nem todos os detalhes estão fechado, mas é possível que o funding seja híbrido, com parte vindo do crédito bancário e parte do mercado de capitais.
“A ideia da Coruripe é concluir essa operação sindicalizada para recomprar os bonds e alongar todo o passivo”, disse uma fonte. Procurada pela reportagem, a usina não comentou.
Na operação sindicalizada, a intenção é dar um financiamento com prazo de sete anos de vencimento, ajustando a estrutura de capital da Coruripe ao fluxo de caixa.
Atualmente, a Coruripe possui uma dívida bruta de R$ 4,2 bilhões. Os bonds respondem por 35% desse total (R$ 1,48 bilhão, ou cerca de US$ 260 milhões). A companhia ainda tem contratos bom bancos comerciais (R$ 1,7 bilhão), instituições de fomento como BNDES (R$ 190 milhões) e um CRA (R$ 550 milhões).
“A companhia fez os investimentos que precisava nos últimos anos. Arrumou a casa e agora precisa gerar caixa e desalavancar”, narrou uma fonte que conhece a estratégia da Coruripe.
Na safra passada (2023/24), a Coruripe fez uma receita líquida de R$ 4,5 bilhões (alta de 22%), com uma margem Ebitda ajustada de 40%. O peso dos juros, no entanto, derrubou a margem líquida de 14% para 6,2%.
No médio prazo, a Coruripe tem tudo para conseguir reduzir a dívida bruta. A empresa possui cerca de R$ 4,5 bilhões em precatórios do antigo Instituto do Açúcar e Álcool (IAA) para receber.
No ano passado, o diretor financeiro da Coruripe, Thierry Soret chegou a dizer ao The AgriBiz que havia uma boa possibilidade dos precatórios se transformarem em caixa em 2025. Na época, uma das possibilidades citadas era vender o precatório a fundos especializados em comprar esse tipo de ativo com desconto.