A entrada da 3tentos na produção de etanol de milho não depende apenas das obras de construção da usina, que estão a pleno vapor no Vale do Araguaia. As caldeiras que fazem a unidade funcionar vão precisar de 900 toneladas diárias de biomassa (usualmente, eucalipto), uma oferta nada trivial de preencher.
Para garantir tamanho suprimento, a 3tentos revelou nesta quinta-feira que está se movimentando em pelo menos três frentes, buscando o equivalente a 27 mil hectares de florestas no Mato Grosso. Essa área deve ser suficiente para fornecer um volume até maior do que a capacidade inicial da usina de etanol de milho de Porto Alegre do Norte (MT), a ser inaugurada em 2026.
A estratégia de suprimento de biomassa inclui o arrendamento de terras pela própria 3tentos para produzir eucalipto, contou João Marcelo Dumoncel, responsável pelas operações da 3tentos, em entrevista a jornalistas durante o “3tentos Day”, evento para investidores organizado na Vila Olímpia, em São Paulo.
Dumoncel não detalhou o tamanho das áreas que vai arrendar, mas a ideia é contratar uma operador especializado na gestão das florestas para cuidar dessas propriedades arrendadas. Como o ciclo de crescimento do eucalipto é de seis a sete anos, a 3tentos já deu início ao plantio em áreas que já foram arrendadas.
Além da produção própria, a 3tentos vai originar biomassa a partir de parcerias de fomento com agricultores do Vale do Araguaia, aproveitando áreas de menor aptidão para a soja e milho que estejam desocupadas.
“O produtor pode ter 5%, 10% da propriedade que não é adequada ao plantio e passa a destinar isso para a silvicultura, sendo mais rentável do que um plantio de cereais”, explicou. Para garantir a produção, a companhia vai firmar um contrato antecipado de compra e venda dessa matéria-prima, já fixando parâmetros de preços.
A terceira frente para garantir a biomassa é a assinatura de contratos com fundos floresteis — tipicamente, investidores que captam recursos no mercado para arrendar terras e operar as fazendas.
Para a 3tentos, os contratos com fundos florestais representam a opção com menor custo de investimento, enquanto o arrendamento é o mais demandante em capital — do ponto de vista de suprimento, no entanto, é o mais seguro.
“Já começamos o plantio das terras arrendadas por nós. O fomento está começando, talvez a gente não consiga plantar neste ano, mas somente no próximo. E, quanto aos fundos, estamos em fase final de negociação”, adiantou Dumoncel, sem revelar o total dos investimentos em biomassa.
Por uma questão de viabilidade logística e econômica, a ideia é que as três frentes (arrendamentos, parcerias com agricultores e fundos florestais) sejam feitas a um raio de 100 quilômetros da usina de Porto Alegre do Norte.
Neste momento, ainda é mais fácil originar biomassa na região da BR-163, mas Dumoncel acredita que a inauguração de usina vai estimular a oferta da eucalipto na região do Vale do Araguaia, onde fica a nova unidade.
Quando estiver operando, a usina de etanol de milho de Porto Alegre do Norte deve produzir 21 MW de energia, sendo autossuficiente (o consumo interno é de 11 MW) e tendo energia mais de sobra para abastecer a cidade inteira, que consome cerca de 3 MW.
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Listada na B3, a 3tentos está avaliada em R$ 6,9 bilhões. No acumulado deste ano, as ações (TTEN3) da companhia da família Dumoncel sobem 14,7%.