Em um ciclo marcado pela fraca demanda — e pelas consequentes demissões — no setor de máquinas, a John Deere apresentou queda de 30% no lucro líquido, que somou US$ 7,1 bilhões no ano fiscal encerrado em outubro. O resultado veio um pouco acima das expectativas, impulsionando as ações da empresa nesta quinta-feira em Nova York. Mas a maior fabricante de tratores do mundo já avisou que o ano que vem deve ser pior.
No primeiro guidance para 2025, a John Deere sinalizou que o lucro líquido deve ficar entre US$ 5 bilhões e US$ 5,5 bilhões, bem abaixo dos US$ 7 bilhões de 2024. O resultado deve cair pela metade na comparação com 2023.
As vendas de máquinas agrícolas devem recuar 15% no próximo ano, com o maior tombo nos Estados Unidos e no Canadá — região que deve reportar uma retração de 30%. Para a América do Sul, a empresa estima uma estabilidade na comercialização de tratores e colheitadeiras. É o melhor cenário entre todas as regiões de atuação da empresa.
“Em meio a desafios significativos, ajustamos nossas operações comerciais para lidar melhor com o ambiente atual. Essas ações, combinadas às melhorias estruturais feitas nos últimos anos, vão nos ajudar a entregar uma oferta mais acertada aos nossos clientes, com resultados que se perpetuam por toda a empresa”, afirmou John May, presidente e CEO da Deere&Company, em comunicado.
O quarto trimestre
No trimestre, o tombo foi ainda mais acentuado, com a companhia reduzindo pela metade o lucro do mesmo período de 2023. A receita líquida total caiu 28%, influenciada principalmente pela retração de 38% nas vendas da divisão de produção e de agricultura de precisão. O lucro operacional deste segmento caiu 64%.
Os números da John Deere reforçam o cenário de crise no setor de máquinas agrícolas. Recentemente, as rivais CNH e AGCO reduziram os seus guidances para 2024 depois de apresentarem fracos resultados no terceiro trimestre.
No Brasil, a receita da indústria com a venda de máquinas agrícolas caiu 20% em outubro, em relação ao mesmo período de 2023, para R$ 6 bilhões, segundo dados da Abimaq. Nos Estados Unidos, as vendas caíram 14% na mesma comparação, de acordo com a associação de produtores de equipamentos. Os dois países são os maiores mercados para a John Deere.
***
Por volta das 12h, as ações da John Deere subiam 5,8% na Bolsa de Nova York. Apesar dos desafios do setor, os papéis da companhia apresentaram alta de 16% nos últimos 12 meses. A fabricante dos icônicos tratores verdes é avaliada em US$ 113 bilhões.
