Desde aproximadamente 10 de outubro, quando começaram as chuvas no Brasil, alguns municípios de Goiás e de Mato Grosso receberam acumulados superiores a 650 milímetros, mais que o dobro do normal para o período. Apesar do atraso no início do plantio de soja, a área semeada hoje já está maior que o observado em 2023 no País.
Nas próximas semanas, veremos uma mudança da posição da chuva forte sobre o Brasil. A expectativa é que os maiores acumulados sejam vistos desde o sul de Goiás até o Estado do Rio Grande do Sul.
Essas condições deverão beneficiar algumas áreas produtoras entre o sul e oeste de São Paulo, norte do Paraná e o Estado de Mato Grosso do Sul — regiões que até agora não tiveram chuva suficiente para propiciar uma recuperação total da umidade do solo.
Por outro lado, teremos que ficar atentos ao desenvolvimento do plantio e das áreas já instaladas no Matopiba. A precipitação virá de forma bem mais fraca e a temperatura deverá subir consideravelmente, sobretudo ao longo do segundo decêndio de dezembro. Previsões mais estendidas indicam uma reviravolta da gangorra apenas na virada de dezembro para janeiro.
No maior Estado produtor, Mato Grosso, independentemente da mudança da posição da chuva, a tendência é de manutenção das precipitações frequentes. A preocupação dos produtores já é com a colheita em janeiro, principalmente com a expectativa de muita soja para colher na segunda quinzena do mês.
Por enquanto, a situação não é das mais favoráveis: as simulações indicam chuvas frequentes e poucas janelas favoráveis para a colheita.
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Celso Oliveira, colunista de The AgriBiz, é especialista em clima e tempo da Safira Energia. Atua há mais de 20 anos em previsões climáticas para a agricultura.