Os protestos dos agricultores franceses fizeram barulho, mas não impediram a conclusão do acordo histórico firmado entre o Mercosul e a União Europeia, assinado nesta sexta-feira (6). Agora, o documento segue para a fase de assinaturas.
Trata-se do maior acordo comercial já feito pelo Mercosul e uma das maiores áreas de livre comércio bilaterais do mundo, reunindo mais de 700 milhões de pessoas e economias que, somadas, representam um PIB de 22 trilhões de dólares.
Do início das negociações mais recentes, em 2023, até aqui, foram sete rodadas até chegar ao texto final, encerrando conversas sobre o assunto que já duravam mais de duas décadas.
“O acordo abre oportunidades de comércio e investimentos sem comprometer a capacidade para a implementação de políticas públicas em áreas cruciais como saúde, desenvolvimento industrial e inovação”, afirma o texto do Ministério da Agricultura e Pecuária.
O comunicado também ressalta que os dois blocos também firmaram compromissos de desenvolvimento sustentável, sem mais detalhes por enquanto — as informações devem ser divulgadas ao longo dos próximos dias.
Mesmo sem as informações esmiuçadas, associações já começam a mensurar os principais impactos do acordo bilateral. Em comunicado divulgado nesta manhã, a Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), por exemplo, trouxe perspectivas para a carne suína e de frango.
No caso da ave, será disponibilizada uma cota de 180 mil toneladas equivalente-carcaça (50% com osso e 50% de carne desossada) com tarifa zero para embarque à União Europeia, a ser compartilhada pelos países membros do Mercosul.
O montante será atingido em seis anos e, após esse período, a cota será de 180 mil toneladas anuais. Para referência, entre janeiro e novembro deste ano, o Brasil exportou 205 mil toneladas de carne de frango para a União Europeia, gerando para o país receitas de US$ 749,2 milhões.
No caso da carne suína, a cota será de 25 mil toneladas (seguindo a mesma sistemática gradativa determinada para a carne de frango, ao longo de 6 anos) com tarifa de 83 euros por tonelada.
“Nossa pujança agrícola e pecuária nos torna garantes da segurança alimentar de vários países do mundo, atendendo a rigorosos padrões sanitários e ambientais”, afirmou o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em discurso na Cúpula do Mercosul, em Montevidéu, nesta manhã. “Não aceitaremos que tentem difamar a reconhecida qualidade e segurança dos nossos produtos”, completou.