Biocombustíveis

Por que o etanol fica mais competitivo com a reforma tributária

Incidência única de PIS/Cofins beneficia o etanol hidratado, elevando o preço de suporte em relação à gasolina de R$ 2,84 para R$ 2,90, segundo cálculos do BTG Pactual

A incidência única do PIS/Cofins sobre o etanol, incluída na regulamentação da reforma tributária depois de uma intensa pressão do setor de combustíveis, vai trazer mais competitividade ao biocombustível. Os analistas Thiago Duarte e Guilherme Guttilla, do BTG Pactual, quantificaram essa vantagem em relatório divulgado nesta manhã.

Com a monofasia  — a incidência do imposto uma única vez, no início da cadeia — o etanol terá uma tributação fixa de R$ 0,19 por litro (tanto o hidratado como o anidro). A mudança beneficia o etanol hidratado (cuja cobrança era de R$ 0,24 por litro) e encarece o etanol anidro, usado na gasolina (cuja cobrança aumenta de R$ 0,13 por litro para R$ 0,19).

Nesse cenário, considerando a paridade 70% em relação à gasolina, o preço de refino na Petrobras e das mudanças recentes de ICMS implementadas pelo Confaz (Conselho Nacional de Política Fazendária), os analistas veem um preço de equilíbrio do etanol de R$ 2,90 por litro, em relação aos R$ 2,84 observados antes da mudança votada pelo Senado. O texto ainda vai à Câmara antes da sanção presidencial.

A monofasia para a gasolina e para o diesel já está presente há algum tempo e a discussão em torno do etanol hidratado teve um intenso vaivém nos últimos dias — ela não estava incluída na primeira versão da proposta para a reforma tributária, divulgada na terça-feira.

O sistema está pronto para ser aplicado para todos os combustíveis em 2033, mas players da indústria querem implementar mais cedo para o PIS/Cofins do etanol. A ideia é centralizar a coleta de PIS/Cofins na produção, tornando a evasão mais difícil em outras partes da cadeia, como a distribuição.

“A medida deve ajudar a sustentar a recuperação de curto prazo nos preços do etanol, aumentando a competitividade em um cenário no qual a demanda supera os níveis de oferta”, escrevem os analistas.

Nos cálculos deles, com base no consumo médio até agora, o Brasil terá uma demanda de 33,4 bilhões de litros de etanol em 2024, enquanto a oferta deve ficar em 31 bilhões de litros. 

Em outubro, o etanol em estoque ficou nos menores níveis desde 2016/17. “A dinâmica de longo prazo do etanol ainda se apoia em criar e desenvolver novos usos para absorver a oferta adicional vindo das plantas de milho”, ressaltam os analistas. 

O banco mantém a recomendação de compra para São Martinho, Jalles Machado e Adecoagro. As ações das duas primeiras empresas, listadas na B3, apresentaram leve alta nesta sexta-feira. Listada na NYSE, a Adecoagro operava em queda.

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