No terceiro trimestre, a divisão de Indústria da 3tentos apresentou margens de encher os olhos de analistas. Para Thiago Duarte e Guilherme Guttilla, do BTG Pactual, esse bom momento deve continuar também no quarto trimestre.
Recentemente, a companhia da família Dumoncel fez uma margem de R$ 621 por tonelada em sua divisão de indústria (um resultado recorde) apoiada principalmente na valorização dos preços do biodiesel, que subiu quase 50% desde o início do ano.
Com o impulso dos preços e a consequente melhora de eficiência das usinas, o faturamento da divisão indstrial cresceu 45% na comparação com o terceiro trimestre de 2023, totalizando R$ 1,8 bilhão (ou mais da metade do que a companhia reportou em receita líquida).
Diante de um mercado aquecido, a 3tentos até atualizou as projeções de volumes para o ano, passando de 490 mil metros cúbicos para 560 mil metros cúbicos.
Na visão dos analistas, o cenário de crescimento com margem favorável deve se perpetuar ao longo do quarto trimestre.
“A companhia deve mostrar resultados fortes no segmento de indústria ao longo do quarto trimestre, com risco de upside para as nossas estimativas de R$ 500 por tonelada”, escreveram os analistas do BTG, numa referência à margem da atividade.
A dinâmica de preços
Enquanto o diesel é comercializado próximo ao preço da paridade internacional (trazendo pouco incentivo para um aumento de preços ao longo do ano), o biodiesel é influenciado tanto pelo percentual de mistura quanto pelas próprias dinâmicas de commodities, uma vez que se trata de um produto derivado da soja.
Apoiado por esses dois fatores, o preço do biodiesel subiu 47% neste ano. O percentual de mistura do biocombustível passou de 11% para 14% e, mais recentemente, a depreciação do real trouxe um impulso adicional para o preço da soja – que reverberou também no combustível.
Os analistas veem espaço para os fatores que trouxeram o impulso ao preço do biodiesel continuarem em curto prazo, mas ainda esperam mais indícios para ver como isso deve se comportar no médio e longo prazo.
“O crescimento do mercado dependerá da habilidade da Lei do Combustível do Futuro aumentar o consumo doméstico de biodiesel”, apontam. A lei prevê que o percentual de mistura chegue a 20% em 2030.