Em um período já sazonalmente fraco, a Camil deve enfrentar desafios adicionais que vão pesar sobre as ações. No diagnóstico da XP Investimentos, o atraso na formação de estoques por parte dos atacadistas, somado a preços mais baixos, deve trazer um lucro líquido 70% menor do que o do ano passado, de R$ 41 milhões.
O tombo é uma consequência do impacto desses fatores sobre a principal linha de receita da companhia, a Alto Giro (que compreende as categorias no Brasil de grãos e de açúcar). No segundo trimestre, para referência, esse grupo respondeu por 53% do faturamento da Camil.
A expectativa dos analistas Leonardo Alencar, Pedro Fonseca e Samuel Isaak é de que os volumes dessa categoria diminuam 4% ano a ano, com preços menores aproximadamente 5% em relação ao segundo trimestre (queda de 5%).
Dentro desse cenário, a margem da divisão deve ficar menor, refletindo a menor diluição de custos. Nos cálculos de prévia para os resultados, a XP estima um Ebitda de R$ 136 milhões para a divisão, queda de 18% ano a ano.
Por outro lado, as categorias de Alto Valor (pescados enlatados, massas, biscoitos e café) e a divisão Internacional (dos resultados das operações no Uruguai, Chile, Peru e Equador) devem ter um bom desempenho. Somadas, elas responderam por 47% do faturamento da Camil no segundo trimestre.
“Na categoria de Alto Valor, o aumento dos preços do café e o aumento do volume e de preços de massas e biscoitos são pontos positivos para os resultados da companhia. No entanto, não acreditamos que essa unidade de negócios compensará o cenário difícil para o segmento de Alto Giro”, escrevem.
Na divisão Internacional, a XP projeta um aumento de 5% em volumes e de 6% em preços em relação ao segundo trimestre de 2024. Apesar de os preços do arroz ficarem estáveis, a depreciação do real deve trazer uma receita total de R$ 1 bilhão (aumento de 17% ano a ano) e um Ebitda ajustado de R$ 96 milhões (15% maior do que o do mesmo período do ano passado).
No consolidado, os analistas esperam que a Camil tenha um Ebitda ajustado de R$ 231 milhões, uma queda de 7% na comparação anual. Se esse resultado for confirmado, a companhia manterá um patamar alto de alavancagem, de 3,5 vezes dívida líquida/Ebitda.
“No geral, devido à piora dos fundamentos e à dinâmica de mercado que penaliza mais os players menos líquidos, esperamos um desempenho fraco das ações para o terceiro trimestre”, escrevem os analistas.
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A Camil divulga os resultados do terceiro trimestre no dia 9 de janeiro. No ano, as ações acumulam desvalorização de 23%. Na B3, a empresa vale R$ 2,1 bilhões.