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A solução dos Fiagros para recuperar mais créditos da Agrogalaxy

Gestores que possuem CRAs da Agrogalaxy trabalham em um FIDC com potencial para injetar liquidez na rede de revendas

Em uma solução engenhosa, os gestores que possuem CRAs da Agrogalaxy trabalham em uma operação com potencial para injetar liquidez na rede de revendas ao mesmo tempo em que aumentam as chances de recuperação de créditos — num alento para a indústria de Fiagro.

As negociações ocorrem há alguns meses e já tiveram algumas idas e vindas, mas avançaram nas últimas semanas, apurou The AgriBiz.

O plano passa pela instituição de um FIDC que vai comprar cerca de R$ 700 milhões da carteira de créditos inadimplidos (produtores com atraso superior a 120 dias) da Agrogalaxy.

Ao vender a carteira de créditos distressed, a rede de revendas controlada pelo Aqua Capital receberia algo entre R$ 70 milhões e R$ 100 milhões, disseram as fontes. Os recursos viriam da gestora Jive, que ficaria com a cota sênior do fundo.

Paralelamente à compra dos créditos inadimplidos, o FIDC também vai assumir CRAs da AgroGalaxy detidos por gestores. Assim, os títulos passarão a fazer parte dos ativos do fundo. Em troca, os crazistas se tornarão cotistas mezanino do veículo.

A expectativa é que, ao fazer essa substituição, os gestores que detêm CRAs da Agrogalaxy —casas como XP, JGP, Capitânia e Kijani — recuperem uma fatia maior dos créditos.

Se esses credores não fizessem nada, ficariam sujeitos ao plano de recuperação judicial, que prevê um haircut de 85% sobre o valor das dívidas. Quando se considera o haircut implícito, a recuperação seria de apenas 4%.

Com o FIDC, a chance de recuperação se torna maior. Nos bastidores da Faria Lima, alguns gestores chegaram a estimar uma recuperação da ordem de 50% — coincidentemente, o patamar de remarcação dos CRAs dentro dos fundos.

Atingir essa performance depende, é claro, do sucesso que a Jive terá na recuperação dos créditos e, é claro, da confirmação da operação. Um risco à transação com os crazistas seria o aumento da competição pela compra da carteira de créditos inadimplidos, potencialmente trazendo outros credores para o jogo.

Em entrevista ao The AgriBiz, o CEO da Agrogalaxy, Eron Martins, citou a venda da carteira de inadimplidos como uma ferramenta de injeção relevante de liquidez, mas não quis abrir o nome dos envolvidos porque as negociações ainda estão em andamento.

Martins adiantou apenas que há duas transações do gênero em andamento, envolvendo dois FIDCs diferentes: uma envolvendo um fundo mais tradicional e outra com um veículo ligado a um fornecedor de insumos parceiro.