A baixa incidência da cigarrinha do milho na última safrinha e a forte queda dos preços das commodities provocaram um chacoalhão na Toyobo, a maior fabricante de biológicos a partir de fungos do Brasil.
Na semana passada, a companhia demitiu mais de 50 pessoas, apurou The AgriBiz. Com isso, fechou o segundo turno da fábrica que possui no município de Salto, no interior de São Paulo.
Embora seja menos conhecida do público, a Toyobo é um player incontornável no ecossistema de biológicos.
De capital japonês — a matriz está listada na Bolsa de Tóquio —, a empresa fornece insumos feitos a partir de fungos para algumas das companhias mais conhecidas do setor: Koppert, Ballagro, Agrivalle, Gênica, Promip, entre outros.
“O mercado não cresceu como estava previsto porque não deu muita cigarrinha. Então, a maioria dos clientes está estocada. A Toyobo vai precisar manter uma produção baixinha até o mercado voltar”, disse uma fonte que conhece a operação.
Com uma estrutura de fermentação sólida, a Toyobo usa o arroz como meio de cultura para multiplicar os fungos. A companhia conta com uma capacidade para inocular 30 toneladas de arroz por dia, mas estava inoculando apenas 2 toneladas no fim do ano passado, acrescentou a fonte.
Os principais fungos multiplicados pela Toyobo são Beauveria bassiana — bastante usado como bioinseticida no combate à cigarrinha —, e Metarhizium anisopliae, mais usado para cigarrinha da cana e pastagem.
Nas estimativas de outra fonte, a Toyobo projetava faturar cerca de R$ 160 milhões com os biológicos no ano passado, mas a companhia dificilmente conseguiu passar de R$ 110 milhões.
Procurado por The AgriBiz, o diretor da Toyobo no Brasil, Minoru Takahashi, disse que as demissões são uma praxe do negócio. Segundo ele, é comum que a companhia faça demissões em todo início de ano. Muitas vezes, o quadro é recomposto no segundo semestre, alegou.
Quem trabalhou na Toyobo, no entanto, conta uma versão diferente. “Nos últimos quatro anos, não vimos essas demissões e nem nesta escala”, disse uma fonte.
Para se recompor, a companhia precisa que o mercado de bioinsumos para cigarrinha se recupere. Só aí os estoques voltarão ao normal.
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A Toyobo também conta com unidades em Araçoiaba da Serra e Americana, ambos em São Paulo. Neste momento, essas plantas operam “com baixa capacidade, o que é normal entressafra”, segundo Takahashi.