Meteorologia

Demora no plantio da safrinha aumenta risco de perdas no milho

Chuvas devem voltar entre o fim desta semana e a próxima quarta-feira em importantes estados produtores, causando mais atrasos no plantio da safrinha

A demora no plantio da safrinha de milho começa a preocupar. Em Mato Grosso, pouco mais de 1% da área destinada ao cereal foi semeada até 24 de janeiro, o menor índice da série histórica do Imea (Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária), iniciada na safra 2008/09. Na média dos últimos cinco anos, o percentual de plantio para essa época do ano é de pouco mais de 10%.

Dados da Conab mostram números semelhantes. Pouco mais de 1% da área foi semeada até o momento em todo o Brasil, ante 10% no mesmo período do ano passado. O atraso no plantio está associado ao excesso de chuva registrado em janeiro em Mato Grosso, Goiás e Minas Gerais, com acumulados que ultrapassam 500 milímetros.

A chuva até diminuiu nos últimos dias, acelerando as atividades de campo. No entanto, entre o fim desta semana e a próxima quarta-feira, espera-se a formação de uma nova invernada, com chuva constante e temperaturas mais baixas em Mato Grosso, Goiás, Minas Gerais, São Paulo e Mato Grosso do Sul.

A alternância prosseguirá posteriormente, com a expectativa de um novo período mais seco entre os dias 6 e 10 de fevereiro.

Enquanto as perspectivas para a safra de soja permanecem positivas, ainda não sabemos o tamanho do problema para a safrinha de milho. Somente saberemos quanto milho será instalado de forma tardia no final de fevereiro, acompanhando a evolução do plantio.

A demora no plantio da segunda safra aumenta o risco de perdas por estiagem no final do outono. Por mais que a previsão indique que em 2025 a chuva não cortará repentinamente como no ano passado, uma hora, a chuva acaba. O período úmido deste ano deverá encerrar em meados de abril.

Perdas no Sul

Além do atraso do plantio da safrinha pelo excesso de chuva no Centro-Oeste, o relatório de evolução de safra da Conab também trouxe informações sobre perdas de produtividade devido à seca nas lavouras de milho instaladas de forma mais tardia no Rio Grande do Sul.

A chuva das últimas semanas até tinha dado um alívio aos produtores gaúchos, mas a precipitação não regularizou completamente. Com isso, a umidade do solo ainda está abaixo do ideal para o desenvolvimento não somente do milho, mas também da soja, nas regiões Noroeste, Missões e Fronteira Oeste do Rio Grande do Sul.

A Argentina está em uma situação semelhante. A chuva do último fim de semana aumentou a umidade do solo nas províncias de Formosa e Chaco, mas não o suficiente para que as preocupações acabassem completamente.

Nesta semana, a precipitação novamente será irregular, alcançando somente as províncias do Chaco, Formosa e o norte de Córdoba. Já no Rio Grande do Sul, a melhor precipitação é esperada somente a partir do fim da semana que vem, após dias com muito calor e elevada perda de umidade do solo.

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Celso Oliveira, colunista de The AgriBiz, é especialista em clima e tempo da Safira Energia. Atua há mais de 20 anos em previsões climáticas para a agricultura.