Um ano de transição. É assim que os analistas do BTG Pactual veem 2025 no mercado de commodities, com sinais de recuperação nos preços dos grãos beneficiando grupos agrícolas. Por outro lado, empresas que estão no final da cadeia — e utilizam essas commodities como matéria-prima — podem começar a vivenciar uma queda de margens em relação aos ótimos níveis de 2024.
Essa análise permeou o trabalho dos analistas Thiago Duarte, Guilherme Guttilla e Gustavo Fabris para apontar as ações preferidas do banco no setor de alimentos e bebidas. Entre as quatro favoritas, estão três empresas do chamado upstream: SLC Agrícola, 3tentos e São Martinho. No downstream, a JBS continua como top pick.
“Embora o cenário de oferta e demanda para soja, milho e algodão ainda torne escassos os catalisadores para uma visão altista para os preços, vemos os primeiros sinais de oscilação do pêndulo para o lado positivo”, escrevem os analistas, em um relatório de 20 páginas.
No caso da SLC, o argumento não está somente na recuperação dos preços das commodities, mas também no período anterior, de preços mais baixos, em que a companhia tipicamente acaba encontrando oportunidades para crescer. No ano passado, a empresa adicionou 67 mil hectares ao seu portfólio, ultrapassando o seu guidance de crescimento de 35 mil hectares por ano.
Para a 3tentos, o impacto de preços mais altos dos grãos não é tão óbvio, já que a companhia utiliza a soja como matéria-prima para a produção de biodiesel. Mas a empresa tem a seu favor a verticalização. A 3tentos também está presente no estágio inicial da cadeia como uma revenda de insumos, beneficiando-se de uma recuperação dos preços dos grãos.
“Em um contexto de preços dos grãos estáveis, com um upside no médio prazo, um real mais fraco, algumas empresas apresentam uma forte combinação de potencial de crescimento, valuation atrativo e um balanço robusto”, afirmam os analistas citando SLC, 3tentos e São Martinho.
A JBS, top pick do BTG para o setor com recomendação de compra, conta com a diversificação e forte geração de caixa, capazes de amenizar um cenário menos favorável sob o ponto de vista de custos, especialmente na produção de frango, depois de um ano de margens excepcionais no setor.