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Lavoro vai fechar 70 lojas; Crédito escasso derruba vendas

Restrição de crédito por fornecedores e bancos derrubou estoques e abalou vendas da rede, levando a Lavoro a cortar guidance para 2025

Lavoro

Abalada por dificuldades de crédito com fornecedores e bancos, a Lavoro reduziu drasticamente o guidance para 2025 e decidiu fechar 70 lojas no Brasil. A maior rede de revendas do País viu os seus estoques minguarem em categorias-chave entre novembro e dezembro, meses importantíssimos para a safra de soja, o que impactou a operação comercial.

“Os problemas de liquidez escalaram significativamente no final do ano passado. As compras à vista, que representavam de 25% a 30% do total, caíram para low-single digit, aumentando a necessidade de capital de giro”, disse Ruy Cunha, CEO da Lavoro, durante teleconferência nesta segunda-feira.

“Além disso, a recuperação judicial de uma grande varejista de insumos provocou uma abrupta interrupção no financiamento de estoques”, acrescentou Cunha, em alusão à Agrogalaxy, que entrou em RJ em meados de setembro.

Diante da rápida deterioração do mercado de crédito pós-RJ, a Lavoro sofreu para garantir insumos, o que vai ter um impacto relevante nas vendas.

Por causa disso, a companhia reduziu a sua estimativa de receita para algo entre R$ 6,5 bilhões e R$ 7,5 bilhões em 2025. O guidance anterior, divulgado em outubro, apontava para uma receita de R$ 8,6 bilhões a R$ 9,2 bilhões. No ponto médio, a revisão do guidance representa uma queda de 21%.

Além do efeitos negativos sobre as vendas, a Lavoro informou que não espera mais um crescimento marginal do Ebitda em relação a 2024, como havia anunciado anteriormente.

Os resultados devem ser impactados pelo fechamento de 70 lojas no Brasil — a empresa tinha 183 lojas no País no final de setembro. Segundo Cunha, o principal objetivo da medida é reduzir custos fixos, além de acabar com sobreposições que ainda existiam depois do ciclo de aquisições.

No curto prazo, a economia de custos almejada com o fechamento de lojas não virá sem dor. O fechamento das lojas deve ter um impacto de aproximadamente 10% das vendas do negócio de distribuição no Brasil, estimou o CEO da Lavoro.

Parte dos gargalos que prejudicaram as operações no final do ano passado está sendo resolvida à medida que renegociações com importantes fornecedores, no início de janeiro, possibilitaram à empresa a repor estoques.

Além disso, o sentimento do agricultor e a expectativa de rentabilidade no campo continuam melhorando, disse Cunha. “Estamos bem posicionando para capitalizar essa recuperação”, ressaltou o executivo.

O primeiro trimestre

No primeiro trimestre do ano fiscal de 2025, período que compreende os meses de julho a setembro de 2024, a receita da Lavoro no varejo agrícola caiu 23%, para R$ 1,55 bilhão, refletindo menores volumes de sementes e deterioração no mix de vendas.

No cluster norte, composto basicamente pelo Mato Grosso, a retração foi de 37% em meio à conjuntura de crédito mais restrito e aumento da competitividade.

Por outro lado, a Crop Care — divisão industrial de insumos agrícolas — teve um aumento de 68% na receita, com aumentos significativos nas vendas de fertilizantes especiais e de defensivos pós-patente.

No balanço consolidado, a receita da Lavoro caiu 13%, para R$ 2 bilhões. O Ebitda ajustado caiu 5%, atingindo R$ 54 milhões, com margem de 2,7%.

Na última linha do balanço, o prejuízo aumentou consideravelmente, de R$ 71 milhões para R$ 267 milhões no primeiro trimestre de 2025, devido a mudanças no imposto diferido, que contribuíram negativamente com R$ 152 milhões.

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Listada na Nasdaq, a Lavoro está avaliada em US$ 576 milhões.