Biocombustíveis

Cargill assume o controle da SJC Bioenergia

Multinacional, que já tinha metade do grupo sucroalcooleiro, exerceu direito de compra dos 50% restantes

A Cargill está assumindo o controle da SJC Bioenergia, grupo sucroalcooleiro no qual já detinha participação de 50%. A transação, anunciada nesta manhã pela multinacional, coloca fim a uma novela entre a Usina São João, antigo sócio da Cargill na SJC, e os credores da empresa com origem em Araras (SP).

A empresa americana anunciou que decidiu exercer o direito de compra dos 50% restantes da SJC, que processa cana-de-açúcar e milho em duas usinas em Goiás, nos municípios de Quirinópolis e Cachoeira Dourada. Além de açúcar e etanol, as plantas produzem óleo de milho, DDG e atuam na cogeração de energia.

Considerando as duas unidades, a SJC processa cerca de 9 milhões de toneladas anuais, segundo informações no site da empresa. Até 2030, a expectativa é de que a moagem aumente gradativamente, atingindo aproximadamente 11,5 milhões de toneladas de cana por ano-safra, apurou The AgriBiz.

A SJC Bioenergia nasceu em 2006 como resultado do plano de expansão da Usina São João, de Araras (SP), para Goiás. A empresa tem a Cargill como sócia desde 2011, quando alguns grupos sucroalcooleiros, incluindo a Usina São João, começaram a enfrentar dificuldades financeiras depois de um amplo ciclo de expansão no início daquela década.

Em 2021, a Usina São João entrou em recuperação judicial, levando a sua participação na SJC para as mãos de credores, que vinham negociando a venda de metade da empresa. Em meio ao imbróglio e aos altos e baixos do setor no Brasil, chegou-se a cogitar a possibilidade de a Cargill até deixar o negócio de cana, a exemplo da venda de sua participação na trading de açúcar Alvean para a Coopersucar.

Outras tradings que se aventuraram na produção de açúcar e etanol no Brasil decidiram deixar o setor. É o caso da Bunge, que no ano passado vendeu para a BP a sua participação numa joint venture que detinha com a empresa britânica, e a Louis Dreyfus, que vendeu a Biosev, sua subsidiária no setor sucroalcooleiro, para a Raízen há quatro anos.

Mas perspectivas mais otimistas para os biocombustíveis parecem ter animado novamente a Cargill a investir no setor no Brasil.

“Ter a SJC como uma empresa 100% controlada pela Cargill é um reforço importante em nossa estratégia de crescimento em energias renováveis”, disse Paulo Sousa, presidente da Cargill no Brasil, em comunicado.

A Cargill não revelou quanto pagou pelos 50% restantes da SJC. Segundo o Pipeline, a empresa tem um enterprise value de aproximadamente R$ 3 bilhões.

Mais Notícias