Frigoríficos

Por que Marcos Molina vai esperar para definir o destino do caixa da BRF

Empresário espera ter um cenário mais claro sobre os preços dos grãos e o mercado interno brasileiro para definir os próximos passos

O empresário Marcos Molina ainda vai levar alguns meses para decidir como alocar o caixa gerado pela BRF. Em teleconferência com analistas na tarde desta quinta-feira, o presidente do conselho de administração da Marfrig disse que prefere avaliar o desenrolar deste primeiro trimestre, deixando uma definição para o segundo trimestre.

A expectativa do empresário é ter maior clareza do cenário em abril. Até lá, terá mais elementos para avaliar os preços dos grãos — a disparada do milho pode apertar as margens da BRF —, o ritmo de consumo do mercado doméstico e a venda dos ativos no Uruguai à Minerva, que ainda dependem do aval do órgão antitruste.

“Quero esperar o primeiro trimestre para tomar uma definição quanto a dividendos e investimentos”, disse Molina, respondendo a uma pergunta do analista Lucas Ferreira, do JP Morgan.

No Uruguai, a expectativa da Marfrig é ter uma definição até o segundo trimestre. Se a autoridade antitruste do país sul-americano não aprovar a segunda proposta feita pela Minerva, a companhia de Molina pode voltar a incluir os ativos nas operações continuadas. Com isso, o Ebitda dessas unidades voltaria a contabilizar, reduzindo o índice de alavancagem.

Se o M&A for aprovado, a alavancagem também se beneficiaria. Considerando os juros da operação, a Marfrig pode receber cerca de R$ 780 milhões pela venda de três frigoríficos no Uruguai.

Enquanto essas definições não acontecem, o empresário opta pela cautela na alocação de capital da BRF — a dona da Sadia gerou R$ 6,5 bilhões em caixa livre em 2024.

“O que posso adiantar é que estamos muito tranquilos e confortáveis, tanto na Marfrig quanto na BRF. Temos flexibilidade para ficar com o endividamento baixo, reduzir a dívida bruta e o custo financeiro”, concluiu ele.

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Na bolsa, as ações de BRF e Marfrig operam em direções opostas. Enquanto a dona da Sadia cai 3,4%, reflexo do resultado abaixo do consenso no quarto trimestre — apesar do recorde anual —, a Marfrig dispara 8,5%, na segunda maior alta do Ibovespa.

No balanço divulgado ontem, a companhia de Molina entregou um sólido desempenho de margens no negócio de carne bovina na América do Sul. Paradoxalmente, o bom momento da BRF também ajuda.

Na teleconferência, Molina citou os sinais promissores dos resultados da BRF neste primeiro bimestre. “Terminamos o ano passado muito bem e começamos este ano muito bem”.