Guerra comercial

Tarifas de Trump entram em vigor; China reage

Pequim taxou importações de produtos americanos em até 15%, incluindo soja; reação pode beneficiar exportações brasileiras, especialmente no segundo semestre

Trump; guerra comercial

Enquanto os brasileiros aproveitam o final do Carnaval, a guerra comercial esquenta. As tarifas de Donald Trump entraram em vigor nesta terça-feira e começam a agitar o mercado de commodities — especialmente no que diz respeito ao aumento das tarifas aplicadas sobre as importações da China, que já retaliou com taxas de até 15% sobre vários produtos agrícolas dos EUA.

A reação da China, que também suspendeu licenças de importação de três exportadores americanos de soja, segundo a Reuters, pode beneficiar o Brasil, que aumentou a sua participação nas importações chinesas de forma significativa desde a guerra comercial de 2018. Entre os produtos americanos taxados por Pequim estão soja, milho, algodão e carne de frango.

O retorno da guerra comercial acende as esperanças de produtores brasileiros de prêmios maiores para a soja brasileira. Nesta terça, no entanto, a notícia levou os preços da oleaginosa ao menor valor desde janeiro em Chicago. Com o feriado no Brasil, ainda não é possível saber os efeitos nas negociações locais. Em comparação com as principais moedas do mundo, o dólar se desvalorizou nesta terça.

No caso da soja, os impactos para o Brasil devem ficar mais evidentes apenas no segundo semestre, quando a China normalmente se abastece da soja americana. Nos próximos meses, durante o auge da safra brasileira, os chineses já estão totalmente voltados para o mercado da América do Sul.

Portanto, grandes mudanças na demanda pela soja brasileira, por parte da China, não são esperadas no curto prazo. Já para os contratos mais longos, com entrega no segundo semestre, a maior concorrência para comprar a oleaginosa do Brasil pode elevar as ofertas aos produtores brasileiros.

As tarifas de Trump também atingiram em cheio Canadá e México, seus principais parceiros comerciais. Os dois países responderam por 42% das importações agrícolas dos EUA no ano passado, segundo dados do USDA. Na carne bovina, os dois vizinhos americanos forneceram 37% da carne importada pelos EUA — sozinho, o Canadá respondeu por 22%.

A tarifa de 25% que cairá sobre a carne canadense e mexicana certamente terá impactos inflacionários, já que a produção nos Estados Unidos deve continuar caindo com o rebanho de bovinos no menor nível desde 1951.

Para abastecer o mercado interno, e evitar novas escaladas no já recorde preço da carne, os EUA precisarão continuar importando. E o Brasil poderia reforçar as suas exportações como uma via de saída. A carne brasileira é a mais barata entre os principais fornecedores mundiais.

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