
As emergências climáticas já são parte da nossa vida cotidiana, com eventos extremos cada vez mais frequentes. Enchentes no Sul, incêndios na Califórnia, secas implacáveis na África… A natureza faz seu chamado, e a COP30 no Brasil surge como uma oportunidade essencial para que o país lidere a pauta climática e assuma o protagonismo dessa discussão.
Não por acaso, o Brasil se encontra no centro do debate climático global. Nossa vasta extensão territorial, rica em biodiversidade e recursos naturais, nos confere um papel de protagonismo na construção de um futuro sustentável. Essa é uma chance para mostrarmos ao mundo que o Brasil não apenas se preocupa com o meio ambiente, mas que também possui a expertise e a tecnologia para aliar produção, desenvolvimento e preservação.
Somos vanguarda em monitoramento territorial, com um histórico significativo em sensoriamento remoto. A COP30 nos permite colocar esse legado em evidência e mostrar como estamos utilizando essa expertise para moldar as demandas globais por sustentabilidade, exigindo rastreabilidade, transparência e responsabilidade ambiental.
A crescente exigência por compliance ambiental e social não é apenas uma tendência, mas uma realidade que já impacta as cadeias produtivas do agronegócio. Os mercados internacionais impõem critérios de rastreabilidade, e produtores que não se adequarem enfrentarão barreiras comerciais. Ferramentas como sensoriamento remoto, análise de risco de crédito integrada a ESG e monitoramento territorial serão diferenciais críticos para garantir acesso a financiamento e novos mercados.
Impactos no agro e ações para mitigar
O agronegócio está no epicentro dos impactos climáticos. De acordo com o MapBiomas Água, a cobertura hídrica no Brasil sofreu uma redução de 1,5% em relação à média histórica, com perda contínua de água em todos os meses de 2023. Esse declínio ameaça diretamente a produtividade, a segurança alimentar e a rentabilidade do setor. A pergunta não é mais se devemos agir, mas sim como e com qual velocidade podemos implementar mudanças estruturais
Diante desse contexto, a COP30 no Brasil não é apenas mais uma conferência climática – é um marco decisivo. O evento coloca o país no centro das discussões sobre como equilibrar crescimento econômico e preservação ambiental, reforçando seu papel como um líder global na transição para uma economia de baixo carbono.
A urgência da crise climática não permite mais discursos vazios ou adiamentos estratégicos. O Brasil, detentor da maior biodiversidade do planeta e com um setor agropecuário altamente competitivo, tem a responsabilidade de apresentar soluções concretas que unam inovação, sustentabilidade e eficiência produtiva.
Ações para acelerar a transição
Para garantir a resiliência do agronegócio e viabilizar sua competitividade no longo prazo, algumas ações são inadiáveis:
- Expansão para uma agricultura cada vez mais sustentável: o crescimento da produção agropecuária deveriapriorizar a recuperação de pastagens degradadas, o uso mais intenso de bioinsumos aliada a um processo de produção com menos desperdícios e maior precisão na aplicação de defensivos.
- Adoção de práticas regenerativas: técnicas como Integração Lavoura-Pecuária-Floresta (ILPF), plantio direto e uso de culturas de cobertura são fundamentais para reduzir emissões, preservar o solo e aumentar a resiliência hídrica.
- Monitoramento e sensoriamento remoto: o uso de tecnologia para mapear riscos climáticos, identificar regiões vulneráveis e estruturar cadeias produtivas mais resilientes é um diferencial competitivo essencial.
- Crédito verde e financiamento direcionado: a criação de mecanismos financeiros que priorizem produtores sustentáveis precisa ser acelerada, garantindo acesso a financiamento diferenciado para aqueles que adotam práticas responsáveis ou que preservam excedentes de reserva legal.
Inteligência territorial para um novo agro
Um estudo inédito da Serasa Experian revela um potencial de expansão de até 80% da produção de soja nos próximos 10 anos, sem a necessidade de novos desmatamentos. Essa é a prova de que é possível crescer de forma sustentável, impulsionando o agronegócio brasileiro e atendendo às demandas do mercado internacional por produtos com conformidade socioambiental.
A área de soja no Brasil poderá aumentar em 12 milhões de hectares nos próximos 10 anos, ocupando terras já destinadas a pastagens e em diferentes níveis de degradação. O estudo identifica 36,6 milhões de hectares de pastagens aptas para o cultivo da soja, o que representa um terço de toda a área adequada no país. Uma oportunidade para investimentos em infraestrutura, logística e novas tecnologias, impulsionando o agronegócio brasileiro como um todo.
Ao combinar dados de aptidão da terra com o perfil de crédito dos produtores, a Serasa Experian oferece às instituições financeiras informações estratégicas para a concessão de crédito direcionado. Isso permite que os recursos sejam alocados de forma mais eficiente, diminuindo os riscos e impulsionando o crescimento sustentável da produção de soja.
Diante desse cenário, a COP30 no Brasil se torna um palco indispensável para que líderes mundiais, especialistas e representantes da sociedade civil se unam em busca de soluções para a crise climática. A complexidade do problema e a diversidade de interesses em jogo exigem paciência, diplomacia e compromisso.
O Brasil, detentor da maior biodiversidade e da maior área de floresta nativa do mundo, tem a responsabilidade de liderar a discussão sobre como conciliar desenvolvimento econômico e preservação ambiental. A COP30 é o momento ideal para o país apresentar suas propostas, compartilhar suas experiências e inspirar outras nações.
A Serasa Experian, com mais de 50 anos de atuação no Brasil, se junta a esse esforço, colocando sua expertise em dados e tecnologia a serviço de um futuro mais sustentável. A empresa oferece soluções inovadoras que auxiliam investidores e produtores rurais na adoção de práticas ESG e na transição para uma agricultura de baixo carbono.
Por meio de estudos detalhados sobre áreas propícias para a conversão de pastagens degradadas em produção sustentável, a companhia ajuda a direcionar investimentos para projetos que aliam produtividade e preservação ambiental. Além disso, a empresa analisa o impacto de eventos climáticos extremos, como queimadas e inundações, fornecendo informações valiosas para a tomada de decisões e a mitigação de riscos.
A inclusão financeira no campo também está em nosso horizonte, investindo em tecnologia que revele para credores e investidores novas oportunidades de ampliar o acesso a crédito rural associado a boas práticas de cultivo e manejo que estimulem o desenvolvimento de uma agricultura mais justa, resiliente e ambientalmente correta.
A expectativa para o encontro em Belém no próximo mês de novembro é dar início a um novo capítulo na luta contra as mudanças climáticas. Não se espera soluções mágicas ou resultados imediatos, mas sim avanços graduais, o fortalecimento do diálogo global e o engajamento de um número crescente de atores nesse esforço coletivo.
É fundamental que o momento sirva como um catalisador para acelerar a transição para uma economia de baixo carbono, incentivando a adoção de energias renováveis, a implementação de práticas agrícolas sustentáveis e a proteção dos ecossistemas. O Brasil tem a oportunidade de se destacar nesse cenário, mostrando ao mundo que é possível construir um futuro próspero e sustentável para todos.
A Serasa Experian convida outras empresas e a sociedade civil a se juntarem a essa missão, compartilhando suas experiências, tecnologias e soluções inovadoras. Juntos, podemos construir um futuro mais verde, justo e promissor para as próximas gerações.
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Bernardo Rudorff é Gerente Executivo de Pesquisa e Desenvolvimento para Agro na Serasa Experian
Joel Risso é Diretor de Novos Negócios Agro da Serasa Experian