Grãos

SLC vai colher mais soja que o previsto, mas produtividade na safrinha cairá

“Vamos colher uma saca por hectare a mais do que esperávamos”, diz o CEO. Na segunda safra, atraso no plantio vai afetar produtividade do milho e do algodão

SLC

A SLC Agrícola continua quebrando recordes — desta vez, em produtividade. Dias depois de anunciar um dos maiores M&As na agricultura, a empresa da família Logemann elevou na noite desta quarta-feira a sua estimativa de produtividade da safra 2024/25 de soja para 67,4 sacas por hectare, um patamar inédito.

“Vamos colher uma saca por hectare a mais do que esperávamos”, comemorou o CEO da SLC, Aurélio Pavinato, em entrevista ao The AgriBiz. “Poderia ser ainda melhor se não estivéssemos enfrentando uma seca na Bahia neste momento. Mas as chuvas devem chegar lá nos próximos dias”, acrescentou. Até o dia 6 de março, a companhia já havia concluído a colheita de soja em 65% da área plantada.

Se o clima ajudou na primeira safra, o mesmo pode não se repetir na segunda. As produtividades do algodão e do milho safrinha devem ficar abaixo do projetado inicialmente devido ao atraso no plantio, que acabou acontecendo fora da janela ideal e deixando parte da área mais suscetível a riscos climáticos.

Para o algodão safrinha, a SLC reduziu a estimativa de produtividade em 5% em comparação com o orçado, enquanto a revisão no milho safrinha foi de 7%. “Serão safras boas, mais parecidas com o ano passado”, disse Pavinato. Em comparação à safra 2023/24, o rendimento deve ser menor 0,8% para o algodão e 1,6% inferior para o milho (ambos segunda safra).

Embora o mercado de commodities esteja agitado com o retorno da guerra comercial, o executivo não espera grandes surpresas para os preços. O CEO disse esperar cotações estáveis em dólares para a próxima safra, na média, com aumento da volatilidade.

Se a guerra tarifária entre Estados Unidos e China persistir, o preço da soja pode cair mais na Bolsa de Chicago, mas isso seria compensado por uma alta nos prêmios pagos pela oleaginosa nos portos do Brasil — o que já vem ocorrendo.

Para ele, o maior upside em termos de rentabilidade para o produtor brasileiro está na taxa de câmbio e em possíveis altas no preço do milho, que enfrenta uma redução nos estoques mundiais — ao contrário da soja, que deve ver um aumento nos estoques.

Os custos, por sua vez, devem ser um pouco mais baixos. A SLC já comprou 77% dos fosfatados, 82% do cloreto de potássio e 57% dos nitrogenados para a safra 2025/26, aproveitando boas oportunidades.

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A alta produtividade da soja abre caminho para um ano de melhora nos resultados da SLC em 2025. No ano passado, a empresa teve uma queda de 25% no Ebitda ajustado, para R$ 2 bilhões, devido principalmente às menores produtividades da primeira safra. A receita líquida recuou 4% e o lucro teve uma queda de 49%, segundo dados do balanço divulgado nesta quarta-feira.

A alavancagem medida pela relação entre dívida líquida e Ebitda encerrou o ano em 1,8 vez. Mesmo com a aquisição da Sierentz, a estimativa da SLC é de que ela se mantenha ao redor de 2 vezes neste ano. “O Ebitda vai ser melhor do que no ano passado”, diz Pavinato.