Balanço

O ajuste acabou. Vittia vê recuperação gradual do mercado de insumos

“Foi um ano difícil por alguns motivos, mas vemos que o processo de ajustes está ficando cada vez mais leve”, disse o CFO da Vittia

Fábrica de biológicos da Vittia em São Joaquim da Barra (SP) | Crédito: Divulgação

Depois de dois anos marcados por redução de estoques e de um 2024 ainda mais tenso pelos problemas de liquidez que se espalharam por toda a cadeia de grãos, o mercado de insumos agrícolas deve ter uma recuperação gradual em 2025, voltando à normalidade. A avaliação é de Alexandre Frizzo, diretor financeiro da Vittia, uma das maiores empresas brasileiras de biológicos e fertilizantes especiais.

O balanço da empresa referente ao quarto trimestre, divulgado nesta quinta-feira, indica que essa recuperação já começou. O Ebitda ajustado da Vittia subiu 37%, para R$ 61 milhões, com margem de 24% — um aumento de 5,6 pontos percentuais em relação ao mesmo período de 2023. A receita líquida cresceu 5% no trimestre, para R$ 256 milhões, e a empresa lucrou R$ 46 milhões, uma alta de 12%.

“Foi um ano difícil por alguns motivos, mas vemos que o processo de ajustes iniciado em 2023 está ficando cada vez mais leve”, disse Frizzo ao The AgriBiz. “Esperamos um ambiente melhor para 2025. A recuperação vem acontecendo de forma gradativa.”

A rentabilidade do produtor tem melhorado devido ao câmbio mais favorável, à alta no preço do milho no Brasil e à queda nos preços dos fertilizantes — dos três principais componentes, dois estão próximos dos menores níveis históricos em termos reais, segundo o executivo. Mas o ambiente ainda não é de aquecimento. “É um ano de volta à normalidade, não vemos crescimento acima da média”, disse.

E qual seria um nível de rentabilidade normalizado para a Vittia? Segundo o CFO, a Vittia de hoje não é comparável à empresa de dois ou quatro anos atrás. O mix de vendas da companhia tem mudado ao longo do tempo, com o aumento da representatividade dos biológicos, que tem margens maiores do que as linhas de fertilizantes especiais.

“Já atingimos uma margem Ebitda de 20%. No médio prazo, temos a capacidade de superar esse patamar pela maior representatividade dos biológicos na receita. Com o ganho de share dos biológicos, a margem deve aumentar gradativamente”, disse.

Uma aposta para 2025 é o lançamento do defensivo Triunfe, uma formulação exclusiva feita a partir de minerais que combate doenças importantes como a ferrugem asiática. Segundo Frizzo, o produto tem um mercado endereçável de R$ 3 bilhões.

Para onde vão os preços

Se a demanda não deve crescer em ritmo acelerado, pelo menos os preços devem parar de cair, o que pode propiciar uma melhora na margem bruta em 2025. “Ainda não voltaremos aos patamares de margem de 2022, mas, no mínimo, elas pararão de cair”, afirmou Frizzo.

No caso dos biológicos, a recuperação de preços deve ser mais tímida do que nos fertilizantes. Para o CFO, os insumos biológicos não voltarão ao patamar de preços visto antes da crise em razão do próprio amadurecimento do mercado, que se tornou mais competitivo devido a avanços na tecnologia.

“Com o mercado mais maduro, a chave é ganhar escala para ter competitividade”, disse. No quarto trimestre, a receita da Vittia com biológicos cresceu 25% em relação ao mesmo período do ano passado, para R$ 85 milhões. O desempenho, no entanto, não foi suficiente para evitar uma redução de 2,5% nas vendas de biológicos em 2024. Já as vendas de fertilizantes foliares e produtos industriais aumentaram 10%.

Recompra de ações

Depois de recomprar ações equivalentes a 4% de seu capital no ano passado, a Vittia continua com o programa em aberto por considerar excessivo o desconto com que as ações estão sendo negociadas na Bolsa. “No patamar de preços atual, esse é um dos melhores investimentos que a empresa pode fazer”, disse o CFO.

A companhia fechou 2024 com baixa alavancagem. Ao final do ano, a dívida líquida era equivalente a 1,09 o Ebitda ajustado.