Revendas

Após Casa da Ração, Alvorada mira novas aquisições

Depois da praticamente dobrar o número de lojas em dois anos, a rede de revendas para pecuária quer investir na verticalização — e pode comprar fábricas de sal mineral

Alvorada

Desde que a Kinea investiu R$ 400 milhões na Alvorada, a rede de revendas de insumos para pecuária fundada por Feres Soubhia Filho, a companhia sul-matogrossense não parou de crescer — apesar das turbulências que castigaram o poder de compra do pecuarista no biênio 2023/24.

Em pouco mais de dois anos, a Alvorada abriu 25 lojas. Quando a Kinea chegou, comprando uma participação minoritária, a empresa contava com 37 lojas. Agora, são 62 lojas, um número que passa de 70 quando são incluídas as distribuidoras de insumos que a companhia possui.

Os números ainda não incluem a maior aquisição da história da Alvorada. Às vésperas do Carnaval, a Alvorada acertou a aquisição da mineira Casa da Ração, uma rede de revendas para pecuária com presença forte no Vale do Jequitinhonha. Com o M&A, são mais 7 lojas — uma na Bahia e o restante em Minas Gerais.

“O mercado ainda vai se consolidar nesse segmento de revendas para pecuária. Nós queremos estar na vanguarda. Queremos ser um dos principais consolidadores, se não o principal”, disse Marcelo Ambrizzi, diretor de novos negócios da Alvorada, em entrevista ao The AgriBiz.

Na concorrência pela consolidação, a Alvorada não está sozinha. A Axia Agro, controlada pelo Pátria, também está nessa corrida, e voltou a investir depois de apertar o cinto durante a baixa da pecuária. A Raça Agro, do empresário João Fagundes, também quer voltar a crescer.

Ao que tudo indica, a Alvorada sofreu menos que a média durante a fase de crise, e julga estar mais preparada — e capitalizada — para crescer e aproveitar a virada do ciclo da pecuária, quando o poder de compra dos criadores aumenta.

“Foram anos desafiadores, mas eu diria que, mesmo com as intempéries, conseguimos manter resultados acima do que era visto no mercado em relação a outros players”, disse Ambrizzi. O executivo não abriu os números, mas fontes de mercado estimam que a Alvorada já fature R$ 2 bilhões.

A expansão da Alvorada

A ambição da companhia, no entanto, é bem maior. Quando a Kinea fez a aquisição, o planejamento incluía a abertura de 100 lojas — sendo mais ou menos 15 por ano —, fortalecendo a atuação da companhia em Minas Gerais, São Paulo e Rio Grande do Sul. Neste ano, o grupo prevê abrir 16 lojas.

Com a Casa da Ração, a posição em terras mineiras começou a ficar bem mais relevante. “Minas Gerais é o Estado para a pecuária. É talvez o maior mercado de sanidade animal do País porque tem leite e corte”, disse Ambrizzi. Segundo ele, a presença de produtores de leite faz muita diferença na demanda por medicamentos veterinários. “O gado leiteiro usa muito mais medicamentos”.

Atualmente, os produtos para saúde animal são a maior fonte de receita da Alvorada, representando 32% do negócio. Depois, aparecem os herbicidas para pastagem e os defensivos voltados para a agricultura (ambos com 17%). Por fim, a nutrição animal (9%).

Embora seja o menos representativo entre as principais linhas de receita, o negócio de nutrição animal (sal mineral e outros produtos para uso em confinamento) talvez seja o de maior potencial de crescimento.

Não à toa, a Alvorada adquiriu uma fábrica de sal mineral em Araguaína, no Estado do Tocantins, no início deste ano. “Nossa participação em nutrição animal tende a aumentar, até com a possibilidade de aquisição de outras fábricas”, ressaltou Ambrizzi.

Com uma marca própria de sal mineral, a Alvorada entende que a verticalização da produção de nutrição animal pode ajudar o negócio a crescer — uma estratégia que também vem sendo implementada pela Axia Agro.

 “A ideia é verticalizar em alguns lugares estratégicos porque esse é um mercado muito grande. Para cada um real ao ano que o pecuarista gasta com medicamento, são quatro ou cinco com nutrição. Faz bastante sentido”, argumentou o diretor de novos negócios.