
A SVP Agrícola, do empresário gaúcho Fernando Stein, está em negociações com pelo menos dois investidores interessados em comprar uma participação na empresa: um fundo internacional voltado para o agronegócio e uma firma do Oriente Médio que vê no arroz brasileiro uma oportunidade de fortalecer a segurança alimentar, apurou The AgriBiz.
Criada em 2021 por Stein, um empresário serial com origem no agro e que fez fortuna em um negócio de estacionamento, a SVP tem a meta de se tornar a maior produtora de arroz do Brasil. Na safra 2025/26, já estará entre as três maiores, com o plantio de 14 mil hectares do cereal — além de outros 5 mil hectares de soja e 1 mil hectare de milho, totalizando 20 mil hectares no Rio Grande do Sul.
O modelo de produção asset light da SVP tem chamado a atenção de investidores no agro, especialmente algumas ‘viúvas’ da Sierentz — um conglomerado agrícola internacional que foi vendido para a SLC Agrícola por US$ 135 milhões no mês passado. Com a porta fechada, investidores que estavam de olho na Sierentz partiram em busca de outras oportunidades.
Embora o tamanho da SVP seja bem menor comparado à Sierentz, que operava 100 mil hectares no Cerrado, a ambição da empresa gaúcha é grande: a meta é chegar a 80 mil hectares até 2030 no Rio Grande do Sul. A ideia é criar uma mini “SLC do arroz”, como disse Stein há um ano em entrevista ao The AgriBiz.
Além da vasta experiência como executivo, Stein tem assessores de peso na modelagem de sua estratégia: Arlindo Moura, que presidiu gigantes agrícolas como a Vanguarda Agro, Terra Santa e a própria SLC, é membro do comitê de investimentos e estratégico criado recentemente pela companhia.
Os hectares mapeados pela SVP para arrendamento, em geral, pertencem a herdeiros, já na terceira ou quarta geração de produtores, que não querem seguir no cultivo de arroz e buscam uma receita segura por meio de arrendamentos de longo prazo — no caso da SVP, são fechados por 20 anos — com a garantia de ter uma corporação por trás.
Para fundos internacionais, adquirir participação em operadores de terras com foco no arrendamento, como é o caso da SVP, é uma alternativa interessante para investir na agricultura brasileira e evitar problemas com a legislação, que proíbe a compra de terras por estrangeiros.
Private equity
A entrada de um sócio pode acelerar os planos ambiciosos da SVP, especialmente em tempos de juros altos, o que torna o ambiente mais árido para investimentos. Desde a fundação, Stein já investiu R$ 60 milhões na empresa.
Se confirmada, a entrada de um sócio estratégico na SVP aceleraria os planos de Stein: a empresa entraria numa fase de maior alavancagem com um maior colchão financeiro, preparando o terreno para a venda do negócio ao final de sete ou oito anos, seguindo o modelo de private equity.
O empresário está mais do que acostumado. Stein participou da venda da rede de estacionamentos Park Indigo no Brasil, em que foi CEO, para a PareBem, controlada pelo Pátria. Também foi um dos primeiros investidores do iFood.
Além do objetivo de arrendar áreas maiores na metade sul do Rio Grande do Sul, a SVP também avalia oportunidades no Paraguai, segundo uma fonte próxima à empresa. A alavancagem da companhia permanece em um nível confortável, com a dívida líquida num patamar inferior a 2 vezes o Ebitda, projetado em cerca de R$ 70 milhões para a safra 2025/26.