Logística

Seca no norte encarece fretes e ameaça embarques de milho

Transporte por caminhões até terminais fluviais aumenta e cargas começam a migrar do Arco Norte para Santos, diz Itaú BBA

A forte estiagem que prejudica a navegabilidade por rios da Bacia Amazônica já está encarecendo fretes para o transporte de milho até os terminais fluviais e ameaça o programa de exportações do cereal, cada vez mais dependente dos portos do Norte. A análise está em novo relatório da consultoria de agro do Itaú BBA.

Dados de line-up, que mostram a programação de movimentação dos navios, começam a mostrar uma migração das cargas do Norte para o Sudeste, principalmente para o porto de Santos, o que deve se refletir em aumento no tempo de espera no porto. Além disso, a movimentação do milho começou a ser feita por caminhões até os terminais fluviais do Arco Norte, mas a um custo bem mais elevado, segundo o relatório.

O encarecimento do frete pode ter impacto negativo nos prêmios de exportação de milho, reduzindo ainda mais a remuneração ao produtor, que já vende o cereal no menor patamar de dos últimos três anos, segundo dados do Imea (Instituto Mato-Grossense de Economia Aplicada) considerando uma média para o Estado.

As exportações brasileiras de milho na safra 2023-24, a serem encerradas em janeiro, devem totalizar entre 52 e 57 milhões de toneladas, segundo o Itaú BBA. Até setembro, foram embarcadas 28 milhões de toneladas e outras 9 milhões de toneladas devem sair em outubro. Portanto, cerca de 20 milhões de toneladas precisam ser exportadas entre novembro e janeiro.

Com a chuva no norte abaixo da média nos próximos meses, como indica o modelo americano de previsão, pode haver um agravamento da situação dos rios Madeira e Tapajós, que já vêm registrando diminuição de seus níveis a cada semana. Cumprir o cronograma de exportações, portanto, dependerá da capacidade de embarque em Santos e de como a eficiência dos portos do Norte será afetada pelos problemas nos rios amazônicos, conclui o Itaú BBA.

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