Governança

Marfrig ultrapassa 50% do capital da BRF

Embora sempre especulada, uma fusão entre as duas empresas ainda deve levar algum tempo para ocorrer.

Se a essa altura ainda restava qualquer dúvida sobre o controle da BRF, a Marfrig acaba de enterrá-las. A companhia criada pelo empresário Marcos Molina ultrapassou a marca simbólica de 50% de participação na dona da Sadia.

Em um fato relevante enviado nesta quinta-feira à Comissão de Valores Mobiliários (CVM), a BRF informou que a Marfrig ampliou sua participação na companhia, atingindo 50,06% do capital.

Aproveitando a exclusão da poison pill, a Marfrig ampliou sua participação na BRF por diversas vezes, saindo de 33,27% para os atuais 50%. Nesse processo, gastou mais de R$ 1,2 bilhão, usando recursos oriundos da venda dos ativos à Minerva e do aumento de capital privado.

Mascote da BRF

Por ora, a intenção não é alterar a estrutura societária da BRF, informou a Marfrig na carta enviada à dona da Sadia. Embora sempre especulada, uma fusão entre as duas empresas ainda deve levar algum tempo para ocorrer.

Em relatórios recentes, os analistas Thiago Duarte e Henrique Brustolin, do BTG Pactual, argumentaram que a união só fará sentido quando a combinação delas resulte em um negócio controlado pela MMS Participações, veículo por meio do qual Molina e a esposa Márcia concentram a participação na Marfrig.

Por enquanto, uma troca de ações ainda não daria mais de 50% ao negócio combinado. Também não há uma necessidade de fazê-lo, até porque, na prática, Molina já controla as duas companhias por meio da Marfrig, na qual detém 64% do capital.

Além disso, alguns benefícios de uma eventual união também já estão sendo colhidos. Os times de BRF e Marfrig vêm trabalhando conjuntamente em diversos projetos, buscando sinergias inclusive nas exportações.

Em outubro, por exemplo, as duas empresas promoveram conjuntamente um evento com importadores em Colônia, nas vésperas da Anuga — a maior feira de alimentos do mundo.

As medidas de controle de despesas também parecem obedecer a um planejamento integrado entre BRF e Marfrig. Recentemente, as duas empresas eliminaram algumas posições nas áreas de comunicação e marketing, com demissões pontuais e o fechamento de posições que estavam vagas.

Na prática, quando a fusão fizer sentido para os controladores, o terreno para a integração já estará preparado.

Em bolsa, a Marfrig está avaliada em R$ 9 bilhões. A BRF vale R$ 23 bilhões.

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