Alimentos

Na Camil, a disparada do arroz chega ao balanço

Companhia da família Quarteiro bateu recorde de receita, mas alavancagem ainda precisa cair para cumprir covenants

Aproveitando a disparada dos preços do arroz, a Camil bateu recorde de receita no terceiro trimestre do ano-fiscal, compensando os efeitos negativos do ambiente adverso no mercado doméstico de açúcar, onde atua com a marca União.

No balanço divulgado no início da noite desta quinta-feira, a companhia da família Quartiero apresentou uma receita líquida de R$ 3 bilhões no trimestre encerrado em novembro, um salto de 15,5% na comparação anual.

Os números vieram 5% acima do que a XP esperava, um reflexo dos preços mais altos capturados pela Camil. Em volume, as vendas também cresceram (4% em bases anuais).

Alta do arroz impulsiona receita da Camil

“O crescimento de volume é um resultado bem-vindo, especialmente considerando o momento de preços mais altos do arroz e o ambiente competitivo mais difícil no mercado de açúcar, com o varejo tentando reduzir os estoques”, escreveram Leonardo Alencar e Pedro Fonseca, analistas da XP, em relatório a clientes.

O aumento das vendas ajudou a Camil a diluir custos, disseram os analistas. No trimestre encerrado em novembro, o Ebitda da Camil cresceram 32%, chegando a R$ 222 milhões. A margem Ebitda aumentou 1,8 ponto, chegando a 8,3%. Na última linha do balanço, a companhia teve um lucro líquido de R$ 143 milhões.

Estoques de arroz

Se ajuda a capturar margens melhores, a estratégia da Camil para se antecipar à disparada dos preços do arroz, formando mais estoques, provoca alguns efeitos negativos nas contas de capital de giro no curto prazo.

Em novembro, o índice de alavancagem (relação entre dívida líquida e Ebitda) estava em 4,3 vezes, acima dos covenants de 3,5 vezes que a companhia precisa atingir no fim do ano-fiscal, em fevereiro, para evitar o vencimento antecipado de dívidas.

Na leitura da XP, a alavancagem da Camil não chega a ser um problema. Conforme o ano-fiscal avança, a companhia vende mais arroz, liberando capital de giro. Com isso, deve cumprir os covenants. Mesmo assim, os analistas disseram que estão acompanhando o tema de perto.

“Como parte dessa alavancagem é efeito do aumento do estoque de arroz nos últimos trimestres, algo que eles devem consumir nos próximos trimestre, não deveria ser tão difícil baixar a alavancagem”, disse Alencar ao The Agribiz.

Nessa conjuntura, o analista da XP não espera que o balanço mexa muito com as ações da Camil no pregão de amanhã. Em bolsa, a companhia está avaliada em R$ 2,7 bilhões. O papel sobe 4,3% em doze meses.