O cenário de oferta mais enxuta de soja e de milho no Brasil deve contribuir para uma recuperação nos preços das commodities no segundo semestre. E esse movimento, atrelado à queda nos custos, pode significar uma melhora nas margens de grupos agrícolas na próxima safra.
A análise é do grupo de analistas do banco BTG Pactual que acompanham o setor. Eles veem a possibilidade de uma retomada no apetite de investidores por empresas agrícolas depois dos problemas enfrentados na safra 2023/24.
“A SLC é nosso player favorito por ter uma pura exposição à atividade agrícola, com as ações oferecendo um crescimento de dois dígitos no FCFE” (free cash flow to equity, na sigla em inglês, ou o fluxo de caixa livre do acionista, representados pela distribuição de dividendos). Nos últimos 12 meses, as ações da empresa acumulam uma queda de 10%.
A Adecoagro também está posicionada para capitalizar o momento, devido à melhora na produtividade na Argentina e uma possível recuperação nos preços do etanol no Brasil. O BTG tem uma recomendação de compra para o papel, assim como para a BrasilAgro —embora a menor liquidez no mercado de terras possa limitar ganhos, ponderam os analistas em relatório.
Embora o relatório de oferta e demanda do USDA (Departamento de Agricultura dos EUA) tenha sido baixista, os analistas do BTG veem a previsão para a safra brasileira de soja e de milho como otimista. Com uma produção de soja mais perto de 150 milhões de toneladas, a relação estoque/consumo pode ficar mais perto da estabilidade na safra atual. No relatório divulgado na semana passada, o USDA vê uma evolução dos estoques em comparação com o consumo.
“Considerando como os preços já foram ajustados para baixo, o risco de um downside daqui para frente parece limitado”, diz o relatório.
Para as empresas de proteína animal, a possibilidade de uma recuperação no preço dos grãos gera um alerta para um possível aumento de custos —variável que vem contribuindo para uma melhora na rentabilidade do setor. Mesmo assim, o BTG recomenda compra das ações da JBS devido à sua forte diversificação e uma subavaliação momentânea.