A área de soja e de milho no Brasil vai continuar crescendo no médio e longo prazo no Brasil, com os novos investimentos sendo impulsionados por uma maior demanda por biocombustíveis tanto no mercado interno como externo. A análise é de Aakash Doshi, estrategista sênior de commodities do Citi.
Segundo ele, a demanda por matéria-prima para a produção de óleos vegetais e biodiesel na América do Norte, Europa e em países do sudeste asiático se manterá crescente nos próximos anos, incentivando os produtores no Brasil a continuar convertendo áreas de pastagens em lavouras de soja.
No mercado doméstico, o estímulo também virá do aumento da demanda por milho para a produção de etanol. Como a expansão da área de soja significa um crescimento automático no plantio de milho, por conta da safrinha, o boom do etanol de milho no Brasil também influencia a decisão do agricultor sobre expansão de área, disse Doshi em entrevista ao The AgriBiz.
Na safra 2023/24, as usinas produziram 6 bilhões de litros de etanol a partir do milho, em comparação com apenas 1,6 bilhão de litros há cinco anos —e um volume adicional de aproximadamente 2 bilhões de litros podem ser adicionados ao mercado nos próximos anos à medida que novas unidades entram em operação.
Com o açúcar continuando a oferecer um elevado prêmio em comparação ao etanol, a tendência é que os processadores de cana continuem buscando maximizar ao máximo a produção do alimento em detrimento ao combustível, mantendo a demanda de milho aquecida.
Retomada argentina
A Argentina também deve contribuir para uma oferta global mais equilibrada com exportações crescentes nos próximos anos —e pode, inclusive, ganhar parte do market share perdido para o Brasil em anos recentes no comércio global, segundo Doshi.
Neste ano, com a recuperação da safra argentina após a forte quebra provocada pelo La Niña na temporada anterior, o esmagamento de soja na Argentina e as exportações de farelo e óleo de soja devem aumentar. No longo prazo, se o novo governo tiver sucesso em promover uma reforma fiscal, estabilizar a moeda local e controlar a inflação, é possível que haja uma liberalização maior das exportações, o que pode significar maior concorrência para o Brasil, afirmou o analista.