As dores de um exportador não são pequenas. Se você for uma companhia de pequeno e médio porte, ainda pior. Os processos são caros, demorados e ineficientes, o que é um desperdício para um negócio pulsante de muito potencial — especialmente na América Latina.
Há três anos debruçado sobre os desafios do comércio exterior, foi uma grata surpresa conhecer a fintech Marco, a startup vem desenvolvendo uma tecnologia que tem tudo para transformar a forma como as pequenas e médias empresas (PMEs) exportam, facilitando os processos e melhorando o acesso ao crédito.
Aqui na Barn, o modelo de negócios da Marco nos entusiasmou. Decidimos investir na fintech, assinando o maior cheque entre os investidores da América do Sul, contribuindo para o seu estabelecimento e expansão na região, especialmente no Brasil, onde os exportadores de produtos agropecuários podem se beneficiar.
O movimento também faz parte da nossa tese de greentech, em nossa missão de financiar a transição para uma economia mais verde na América Latina, facilitando os negócios dos PMEs e reduzindo as burocracias do seu caminho.
Ao todo, a Marco levantou US$ 12 milhões na rodada série A, agregando uma lista de investidores estrangeiros como IDC Ventures, IDB Lab, Arcadia Funds e Florida Funders, entre outros. Acreditamos muito no trabalho que o time liderado pelo Jacob Shoihet vem desenvolvendo.
A oportunidade da Marco
Atualmente, o mercado de pagamentos internacionais é dominado pelos bancos conectados ao Swift. Os custos são altos, com taxas elevadas, e operados em um sistema muito lento. Para as PMEs, os desafios de negociar taxas são imensos, mesmo para manter investimentos fora.
Os processos também carecem de transparência. Frequentemente, as negociações para fechar o câmbio são feitas por telefone, em negociações em que as taxas envolvidas na operação estão embutidas no serviço, ou seja, escondidas.
Quando pensamos na operação logística, um embarque pode levar de 30 a 90 dias de porto a porto, criando muitos desafios de capital de giro para as companhias. Do outro lado, os importadores também sofrem com a demora entre a compra da mercadoria para reabastecer o estoque e a venda aos consumidores.
Em geral, os bancos oferecem uma carta de crédito desenhada para grandes companhias que não precisam de garantias. Com isso, as pequenas e médias não são bem atendidas pelos serviços financeiros, apesar de representarem de 30% a 40% do volume comercializado internacionalmente.
Globalmente, o mercado de financiamento ao comércio internacional (ou trade finance, como é mais conhecido) é da ordem de US$ 5,2 trilhões. Estima-se que exista uma lacuna de US$ 1,7 bilhões nas PMEs, justamente o mercado que a Marco está atacando.
Nesse mercado, a América Latina é relevante. É a quarta principal região do mundo, com US$ 1,8 trilhão em bens e serviços exportados em 2022 e um crescimento médio de 24% nos últimos anos.
As exportações do Brasil para os Estados Unidos, relação de comércio que a Marco vem facilitando, também vem crescendo. Desde 2018, a média de expansão anual é de 7%, com destaque para as exportações de minério de ferro, café, madeira e óleos minerais.
A plataforma da Marco
Diante do crescente mercado para os exportadores da América Latina, a Marco desponta com uma plataforma que integra open finance, softwares de supply chain, ERPs e documentos específicos do comércio internacional, além dados proprietário e análise de crédito.
Com esse approach baseado em dados, consegue oferecer informações mais precisas para os financiadores, agilizando a oferta de crédito para companhias de pequeno e médio porte. Na prática, o principal produto da Marco é sistema de antecipação de recebíveis do comércio internacional.
A plataforma conecta os exportadores com os financiadores, melhorando as ofertas e dinamizando os processos. Como o acesso a capital é crítico para as PMEs que se engajam no comércio internacional, atacar esse problema é apenas o início da jornada da Marco. Há muito a ser feito.
Do ponto de vista financeiro, a antecipação de recebíveis é uma oportunidade de investimentos de baixo risco com retornos atrativos, especialmente nas transações internacionais.
As factorings compram recebíveis de curto prazo com um desconto e recebem os pagamentos dos devedores, que são companhias estáveis com um fluxo de caixa confiável. Atualmente, a Marco trabalha com varejistas de alto nível, como Walmart, CostCo, HEB, entre outros.
Para os investidores, as factorings geram receitas recorrentes. Historicamente, a antecipação de recebíveis se mostrou uma atividade de baixo risco de default comparado aos cartões de crédito, empréstimos a consumidores e empresas. Desde sua criação, a Marco teve uma taxa de 0% de perdas, demonstrando a capacidade de gestão de riscos e escalabilidade.
Para atrair mais clientes, a Marco vem desenvolvendo uma série de produtos. Além dos serviços de financiamento à exportação, a fintech desenhou outros produtos para os exportadores, incluindo a criação de empresas no EUA, dados para as SMEs ampliaram a lista de compradores no mercado americano, câmbio e seguro de carga.
Expectativas para 2024 e além
O rápido crescimento da Marco é um testemunho da demanda não atendida por financiamento entre exportadores, especialmente pequenas empresas. O investimento da Série A visa fortalecer significativamente a expansão da empresa em 2024.
Isso inclui um aumento no número de exportadores atendidos, empréstimos, receita e o lançamento de novos produtos e serviços que permitirão aos exportadores impulsionar seus negócios com uma abordagem de 360°.
O foco da empresa se alinha perfeitamente com a missão da Barn, de empoderar empreendedores e empresários locais para promover uma economia cada vez mais verde, gerando altos retornos financeiros para seus investidores.