O outono começou no dia 20 de março, à 00h06m. Trata-se de uma estação de transição do período quente e úmido do verão para o clima mais seco e frio do inverno. Neste ano, em função do rápido enfraquecimento do fenômeno El Niño, veremos uma transição dentro de outra.
A rápida alteração de temperatura do oceano Pacífico e a diminuição da radiação solar fizeram com que as simulações climáticas mudassem a tendência de distribuição de chuva para o outono no Brasil.
No Sul, por exemplo, a previsão é de chuva abaixo da média no interior dos três Estados, com diminuição da precipitação especialmente nos meses de maio e de junho. Apenas ao longo da costa, frentes frias ainda conseguirão levar chuva mais frequente.
Nas regiões Sudeste, Centro-Oeste e Norte, já choveu pouco no verão e o cenário não mudará no outono. No Nordeste, ao contrário, a chuva será mais intensa por conta do oceano Atlântico, que permanece quente e transporta vapor na direção da costa.
Dentro de poucos dias, o centro e o sul do Brasil enfrentarão temperaturas baixas, porém o outono como um todo será mais quente que o normal na maior parte do país.
O início do outono
Ainda nesta semana, uma intensa frente fria avançará pelo Brasil causando vendavais no Sul, precipitação intensa no Sudeste e Centro-Oeste e queda acentuada de temperatura nas três regiões.
Por um lado, a precipitação irá paralisar a finalização da colheita da soja e manutenção e plantio da segunda safra de milho e tratos culturais do algodão. Mas, por outro lado, a chuva será essencial para aumentar a umidade do solo e favorecer o desenvolvimento do milho, algodão, cana-de-açúcar, laranja e café.
De acordo com a Conab, o calor excessivo dos últimos dias causou perdas de umidade em áreas de milho da região central da Bahia, norte de Minas Gerais, centro e oeste de São Paulo, norte e oeste do Paraná e sul e leste de Mato Grosso do Sul.
O problema é que justamente a maior parte destas áreas não serão contempladas pela chuva forte da frente fria. A situação é mais preocupante no oeste e sudoeste do Paraná, onde as lavouras estão em fase reprodutiva, crítica para definição de produtividade.
A temperatura despencará com mínimas abaixo dos 10°C e sensação térmica próxima de 0°C nas áreas mais elevadas da Serra Geral. O declínio da temperatura, no entanto, não trará perdas a nenhuma área produtora.
***
Celso Oliveira, colunista de The AgriBiz, é especialista em tempo e clima da Safira Energia. Atua há mais de 20 anos em análises climáticas para a agricultura.