O Aqua Capital, firma de private equity fundada pelo argentino Sebastian Popik, acaba de concluir a captação de US$ 450 milhões (o equivalente R$ 2,2 bilhões) em seu terceiro fundo, um veículo dedicado a investir em companhias de agronegócios e alimentos.
A gestora já havia feito um first closing do Fundo III, de US$ 330 milhões, mas agora fechou a captação total. O novo fundo ficou acima das pretensões iniciais do Aqua, que buscava levantar US$ 400 milhões.
“Estamos passando por uma transformação extraordinária nas cadeias de valor do agronegócio e alimentos, e o Fundo III buscará gerar excelentes retornos ajustados ao risco, investindo em empresas líderes na transição nas Américas”, disse Popik, em uma mensagem aos investidores.
Entre os participantes do terceiro fundo estão investidores institucionais globais, fundos soberanos, bancos de desenvolvimento e family offices. Alguns dos investidores dos fundos anteriores também investiram no terceiro. No Brasil, o Fundo III chegou ao varejo por meio de uma distribuição feita pela XP.
Com mandato para investir também nos Estados Unidos, o Fundo III do Aqua já alocou quase 50% do capital, e investe em teses de agricultura regenerativa que ajudam na redução de emissões de carbono e na inclusão de pequenos e médios agricultores.
Até agora, o fundo investiu em quatro empresas: Solubio (de biológicos onfarm), Novus AG (rede de varejo agrícola americana); Exata (companhia goiana de análises de solo) e Comfrio.
A história do Aqua
Fundado em 2009, o Aqua Capital é um dos investidores mais emblemáticos do agronegócio brasileiro. No ano passado, a gestora vendeu a Biotrop aos belgas da Biobest por R$ 2,8 bilhões, em uma transação que chocou o mercado pela capacidade de multiplicar o capital.
Arquiteto da gestora, Popik tem o agro praticamente inserido no DNA — seu pai foi presidente da Monsanto na Argentina. Formado em economia pela Universidade de San Andrés, Popik até tentou construir uma carreira no setor público e cursou políticas públicas em Harvard, mas a carreira o levou de volta ao agro.
Com US$ 1,5 bilhão sob gestão, o Aqua Capital está em seu terceiro fundo. No primeiro fundo, a firma de private equity fez saídas bem-sucedidas, como a venda de Fertiláqua (fertilizantes especiais) à israelense ICL e a venda da Grand Cru, de vinhos, à Evino. Outras apostas não deram tão certo, como a Geneseas, produtora de tilápias que entrou em recuperação judicial.
No fundo II, estão alguns dos maiores retornos do Aqua. A Biotrop, é claro, é o grande destaque desse veículo, mas a gestora também investiu na Puravida, companhia de suplementos vendida à Nestlé.
O segundo fundo é também o veículo onde está o investimento na Agrogalaxy, que fez IPO em 2021. A rede de revendas é, certamente, um dos negócios que mais deu trabalho nos últimos tempos, em meio à crise enfrentada por diversos players de insumos agrícolas.
Se restava alguma dúvida, o Aqua mostrou que aposta fortemente no sucesso da Agrogalaxy. No fim do ano passado, a gestora colocou mais R$ 150 milhões na companhia.
Nos últimos dias, os investidores parecem ter voltado a confiar na recuperação da Agrogalaxy. Desde a divulgação do balanço, na última terça-feira, as ações da rede de revendas subiram mais de 20%. Atualmente, a Agrogalaxy está avaliada em R$ 334 milhões.