Usinas

No filé mignon do Centro-Sul, Tereos vê moagem estável em 24/25

Mix açucareiro deve ultrapassar 70%, com a produção do alimento superando 2 milhões de toneladas após investimentos, diz CEO

A Tereos está na contramão do mercado. Enquanto as usinas do Centro-Sul devem processar um volume de cana 10% menor do que na safra 2023/24, a dona do açúcar Guarani espera manter a moagem estável nesta safra, perto do recorde de 21 milhões de toneladas da temporada anterior.

A produção de açúcar deve superar 2 milhões de toneladas, impulsionada por um maior teor de açúcar na cana e por um maior mix açucareiro, que pode ultrapassar 70%, segundo Pierre Santoul, diretor-presidente da Tereos no Brasil. Na safra passada, a Tereos usou 68% da cana para fazer açúcar.

A empresa de origem francesa investiu R$ 80 milhões em suas usinas para viabilizar uma maior produção do adoçante. A estratégia é aumentar a capacidade para moer mais cana durante os melhores períodos de colheita, entre julho e agosto, otimizando o ATR (açúcar total recuperável) da cana.

Apesar de suas usinas também estarem sofrendo com precipitações abaixo da média, a Tereos está presenciando uma boa resistência dos canaviais, o que possibilitará manter a quantidade de cana processada, afirmou Santoul. As seis usinas da empresa estão localizadas no noroeste de São Paulo, onde a qualidade do solo é superior à média do Centro-Sul.

“São José do Rio Preto e Ribeirão Preto são o filé mignon do Centro-Sul”, brincou Santoul em uma conversa com jornalistas para apresentar as perspectivas para a moagem da Tereos nesta safra, iniciada nesta segunda-feira.

Além disso, a empresa investiu para melhorar a saúde do canavial nos últimos anos, aumentando o uso de ferramentas para monitoramento via satélite e de inteligência artificial para fazer o mapeamento do canavial.

Bear Market

A Tereos já fixou cerca de 80% da produção de açúcar esperada para a atual safra, aproveitando-se dos bons preços do adoçante verificados até dezembro na Bolsa de Nova York, disse Santoul. “Capturamos os (bons) preços e a nossa visão para o mercado é bearish (baixista)”, afirmou.

Para Santoul, os preços do açúcar vão flutuar seguindo estritamente as estimativas para oferta e demanda nos próximos meses. “Os fundos não estão entrando mais”, comentou.

Do lado da demanda, o quadro já é conhecido e positivo, pois o consumo de açúcar continua aquecido. Do ponto de vista de oferta, o divisor de águas será a safra brasileira.

“Hoje a nossa visão é para preços equivalentes aos atuais. O que vai fazer a diferença são as notícias que vão sair a partir de maio, quando teremos maior previsibilidade sobre a safra do Centro-Sul”, afirmou.

Qualquer notícia que aponte a moagem do Centro-Sul abaixo de 590 milhões de toneladas de cana poderia levantar os futuros do açúcar, disse. Se houver boas notícias que possibilitem um processamento maior do que este, os preços podem cair, acrescentou.