Recém-habilitado pela China, o frigorífico da JBS em Campo Grande — capital do Mato Grosso do Sul — vai se tornar a maior indústria de carne bovina do Brasil.
Em uma cerimônia com a presença do presidente Luís Inácio Lula da Silva e dos irmãos Wesley e Joesley Batista, a dona da Friboi acaba de anunciar um investimento R$ 150 milhões para dobrar a capacidade de abate na unidade de Campo Grande II — a JBS possui dois abatedouros de bovino na cidade.
A expansão levará a capacidade diária de abates das atuais 2,2 mil animais por dia para 4,4 mil, o que alçará a unidade ao posto de maior frigorífico do país.
Depois de ampliação, Campo Grande II vai desbancar um outro frigorífico da própria JBS. Até então, o maior frigorífico do país em capacidade está em Diamantino (MT), que recebeu investimento de R$ 800 milhões de ampliação para reformar a planta após um incêndio.
Em um negócio intensivo em capital humano, o números de empregos também crescerá em proporção semelhante, saindo de 2,3 mil funcionários para 4,6 mil.
Tomazoni e Lula
Ao anunciar o investimento durante a cerimônia, o CEO global JBS, Gilberto Tomazoni, agradeceu ao presidente Lula pela habilitação do frigorífico para a China. “O senhor teve papel central e definitivo”, afirmou o executivo.
Em Mato Grosso do Sul, a recente habilitação de 38 frigoríficos pela China mudou estruturalmente o acesso da região ao mercado de carne bovina do país, disse Tomazoni.
Em março, Pequim habilitou seis frigoríficos de bovinos de Mato Grosso do Sul. Com isso, o percentual de frigoríficos em Mato Grosso do Sul com SIF autorizados a vender para a China passou de 11% para 60%, destacou o CEO da JBS.
Tomazoni também aproveitou o discurso para afagar a agenda ambiental do governo Lula, um tema crítico para a pecuária brasileira. “Apoiamos integralmente a política ambiental do seu governo. Conte conosco na sua agenda de combate à fome”.
O discurso de Lula
Ao discursar, Lula retribuiu aos afagos, aproveitando o momento como parte de sua agenda de aproximação com agronegócio, um setor que lhe é refratário.
“Conheci seu Zé Mineiro no meu primeiro mandato. Ele ainda não era tão grande. Criou uma família em que todos estão predestinados a ter sucesso. Joesley e Wesley são os herdeiros e responsáveis para que a JBS se transformasse na maior produtora de proteína animal do mundo”, disse Lula, cumprimentando o nonagenário fundador da JBS.
Bem-humorado, o presidente disse para Zé Mineiro se preparar para viver mais 30 anos, no mínimo. “Vamos nos encontrar daqui a pelo menos 30 anos para comemorar ele fazendo 120 anos e eu, 110”.
Aproveitando os R$ 150 milhões que a JBS acabou de anunciar em Campo Grande, Lula destacou os investimentos privados de outros setores da economia como um marco de seu governo, notadamente no setor automotivo. “Até você vai poder comprar um carro novo, Joesley”, brincou Lula.
Agenda estrelada
Organizada para comemorar as habilitações chinesas, a cerimônia com o presidente de Lula marca uma vitória para JBS. É também a primeira participação dos irmãos Wesley e Joesley desde que a volta deles ao conselho de administração da companhia foi anunciada.
A cerimônia contou com a participação de diversas autoridades e empresários, incluindo o fundador da JBS, seu Zé Mineiro. “É a primeira vez que o presidente Lula pisa no Mato Grosso do Sul (neste mandato)”, comemorou a ministra do Planejamento, Simone Tebet, que é sul-matogrossense.
Tebet também fez questão de elogiar Zé Mineiro, a quem ele conheceu nesta sexta-feira mas ouviu falar pelo pai. “Seu Zé Mineiro lembra muito o nosso poeta Manoel da Barros. O olho vê. A imaginação transvê. Há 70 anos, ninguém poderia imaginar que teríamos na JBS o maior produtor de proteína animal do mundo”, disse a ministra.
O encontro também contou com a participação de outras autoridades, como o governador de Mato Grosso do Sul, Eduardo Riedel e os ministros Carlos Fávaro (Agricultura) e Cida Gonçalves (Mulheres). O embaixador da China no Brasil, Zhu Qingqiao, também participou.
Os principais executivos da JBS também estavam presentes, incluindo Renato Costa (presidente da Friboi), João Campos (presidente da Seara) e Gilberto Xandó, que comanda a JBS no Brasil.
