A BRF extinguiu sua poison pill na última assembleia extraordinária de acionistas, mas os sauditas da Salic, segunda maior sócia da dona da Sadia — com 10,7% dos papéis —, estão limitados a uma participação de 25% em seu capital.
A informação, que ainda não havia sido notada por muitos investidores, apareceu em um formulário enviado nesta quinta-feira à SEC, a xerife do mercado de capitais americano.
A limitação da participação da Salic em 25%, por sete anos, faz parte do compromisso de investimentos enviado pela firma saudita à BRF em 30 de maio.
No dia seguinte à carta enviada pelos sauditas, a dona da Sadia anunciou ao mercado a intenção de fazer um follow-on e disse que os sauditas haviam se comprometido com investimentos, sem detalhes.
Posteriormente, em 4 de julho, data do lançamento oficial do follow-on, a BRF informou sobre os 25% . Mas em meio à euforia com o aumento de capital, necessário para reduzir a dívida da empresa, a informação — que estava na sétima página do documento — passou despercebida por muitos investidores.
Pelos termos do compromisso assumido, a Salic só poderia ultrapassar os 25% em um aumento de capital, oferta de ações ou uma fusão envolvendo outras investidas dos sauditas.
Na prática, a barreira acionária dos sauditas evita que a gestora do fundo soberano da Arábia Saudita, um investidor de bolso inegavelmente fundo, assuma o controle da BRF.
Com isso, a Marfrig mantém sua posição dominante no capital da BRF sem precisar de um acordo de acionistas com os sauditas.
Recentemente, aliás, a Marfrig aumentou sua participação, passando de 33,27% para quase 36%, aproveitando pela primeira vez a extinção da poison pill (33,3%). A cláusula, extinta pelos acionistas no início de julho, era uma condição para o investimento de Salic e Marfrig no folllow-on.
A BRF está avaliada em R$ 15,8 bilhões. No ano, as ações sobem 17%.