Dividendos

A reação dos analistas ao balanço da JBS: um trimestre para recordar

Agora, expectativa dos analistas que cobrem a companhia dos irmãos Batista é entender até quando excepcional o ciclo do frango vai se estender

José Batista Sobrinho, o Zé Mineiro, dá o nome pelo qual a JBS ficou conhecida no mercado. Mas depois dos resultados impressionantes do segundo trimestre, já há quem ouse uma nova explicação para a sigla. Justified Bullish Sentiment, escreveu Leonardo Alencar, da XP Investimentos, em um relatório disparado ontem à noite a clientes.

A reação do analista ilustra o humor do sell-side após o balanço da JBS. Do Goldman Sachs ao BofA (Bank of America), a recepção foi unânime. A probabilidade de uma ótima reação dos investidores no pregão desta quarta-feira parece alta, especialmente após a empresa anunciar R$ 4,4 bilhões em dividendos.

Para Henrique Brustolin, analista do Bradesco BBI, os dividendos anunciados ontem à noite sinalizam que a remuneração recorrente aos acionistas está de volta, algo que parecia suspenso após as dificuldades do ano passado aumentarem a alavancagem.

Com o índice de alavancagem em incômodas 4 vezes há um ano, a JBS precisava melhorar as operações para voltar ao um nível de endividamento confortável — de 2 a 3 vezes — e preservar o grau de investimentos, um processo que levaria um ano e meio.

A recuperação, no entanto, foi bem mais rápida do que a própria gestão apostava e a alavancagem já voltou para o terreno confortável, em 3 vezes em reais e 2,7 vezes em dólar. Ao que tudo indica, vai caminhar para 2 vezes no fim do ano, abrindo espaço para M&As e mais dividendos.

“A JBS bateu as estimativas, e bem, para qualquer lugar que você olhe”, resumiu Gustavo Troyano, do Itaú BBA. Na média, o Ebitda da JBS no segundo trimestre superou o consenso Bloomberg por quase 20%.

Em todas as unidades de negócio, a companhia bateu as previsões de receita e Ebitda do Goldman Sachs, notou o analista Thiago Bortolucci. “A Seara está de volta à boa forma”, avaliou Thiago Duarte, do BTG Pactual.

Para Bortolucci, a grande dúvida agora é saber por quanto tempo vai continuar o ciclo positivo da carne de frango, nos Estados Unidos e no Brasil (a Seara fez a melhor margem desde 2015).

Alguns analistas estão ainda mais otimistas com o que vem pela frente. “Continuamos acreditando que as margens do frango podem melhorar no terceiro trimestre, ao passo que o desempenho forte na Austrália e na JBS Brasil reforçam o momento positivo”, disse Brustolin.

Em relatório também disparado ontem à noite, a analista Isabela Simonato, do BofA, argumentou que as ações da JBS ainda são negociadas a um preço atrativo, mesmo após a rali de 40% dos papéis no acumulado de 2024.

Nos cálculos dela, os papéis negociam a um múltiplo (EV/Ebitda) de 5,6 vezes e 7,7 vezes sobre o lucro projetado para 2025, dentro dos níveis históricos e com um fluxo de caixa livre representando um rendimento de 10% ao ano.

Ao que tudo indica, a JBS poderá superar as expectativas de R$ 7 bilhões em dividendos para o ano, apontou Lucas Ferreira, do JP Morgan. “Esperamos uma reação positiva das ações”.

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