Depois de muita polêmica envolvendo o leilão de arroz, a Conab finalmente divulgou a sua estimativa oficial para as perdas ocasionadas pelas fortes chuvas no Rio Grande do Sul. O impacto corresponde a menos de 1% da produção nacional.
Em seu relatório mensal com projeções para a safra de grãos, divulgado nesta quinta-feira, a Conab estimou a produção de arroz em 10,4 milhões de toneladas na safra 2023/24. No levantamento do mês passado, que desconsiderava os efeitos dos alagamentos no Rio Grande do Sul, a previsão era de 10,5 milhões de toneladas. Ou seja, 100 mil toneladas foram perdidas, o equivalente a 0,9% da safra total.
Com 96% da colheita finalizada até 2 de junho, é improvável que a Conab realize novos cortes nos números de produção. No Rio Grande do Sul, que corresponde a 70% da oferta nacional, a colheita havia sido encerrada em 97% da área plantada até o final de maio.
Mesmo com todas as adversidades climáticas no principal produtor de arroz do País, a produção brasileira deve crescer 3,6% em comparação com a safra anterior, graças a um aumento de 7,6% na área. A produtividade será 3% menor devido aos prejuízos nas lavouras gaúchas.
O consumo nacional deve ficar em 11 milhões de toneladas, ou 600 mil toneladas acima da produção. Com um estoque inicial de 1,8 milhão de toneladas, a oferta nacional sobe para 12,2 milhões de toneladas, sendo suficiente para atender o consumo doméstico. Os números reforçam os argumentos apresentados nas últimas semanas pelos produtores contra a realização de leilões para importação de arroz.
A Conab estima, no entanto, um aumento de mais de 50% nas importações, que subirão de 1,4 milhão para 2,2 milhões de toneladas em 2023/24. As exportações, que na safra passada somaram 1,7 milhão de toneladas, devem cair para 1,2 milhão com preços mais atrativos no mercado doméstico.
20 dias debaixo d’água
Até o final de maio, 97% da área de arroz do Rio Grande do Sul havia sido colhida, segundo a Conab. Apenas 4,7% da área total cultivada com o grão no Estado estavam em condições de alagamento ou inundação. A maioria registrou perda integral da lavoura, mas algumas propriedades ainda conseguiram colher, apesar de terem apresentado “perdas substanciais”.
Os maiores prejuízos ocorreram na região central do Estado, onde a colheita estava mais atrasada. Algumas lavouras chegaram a ficar submersas durante 20 dias, segundo a Conab.
A Conab também fez um pequeno ajuste na produtividade média da safra de soja devido ao excesso de chuvas no Rio Grande do Sul durante a colheita — o Estado ocupa a posição de segundo maior produtor de oleaginosa do País nesta safra. Com isso, a estimativa para a colheita de soja brasileira foi revisada de 147,7 milhões de toneladas para 147,3 milhões, uma queda de 4,7% em relação à safra passada.