A Beyond Meat, que outrora já foi a estrela do hype envolvendo a indústria de plant based, continua mergulhada na crise.
Diante da fraca demanda pelos produtos que imitam carne, a companhia aproveitou a divulgação da prévia de resultados do terceiro trimestre para anunciar um pacote de demissões e a reestruturação das operações na China.
Na quinta-feira, a empresa americana fundada por Ethan Brown informou o corte de 65 funcionários da área administrativa — o chão de fábrica não foi afetado.
O lay-off representa 8% do quadro de funcionários da Beyond Meat. Quando se exclui os funcionários das fábricas do cálculo, as demissões chegam a 19%.
As medidas anunciadas repercutiram bem no mercado. Na sexta-feira, as ações da companhia subiram quase 20%. A reação, no entanto, pode ser apenas um respiro temporário, já que os resultados financeiros estão longe de animar.
Novo guidance
No comunicado em que anunciou as demissões, a companhia relatou vendas abaixo do esperado nos Estados Unidos, outra vez. Segundo a Beyond Meat, isso é um reflexo da “fraqueza contínua na demanda pela categoria de plant based”.
A Archer Daniels Midland (ADM), uma das gigantes de agronegócios que mais investiu em plant based, já havia reforçado a fraca demanda da categoria. Recentemente, anunciou que está reavaliando o plano de expansão da fábrica de plant based de Illinois, relatou a Bloomberg.
Nesse ambiente, a expectativa da Beyond Meat é que a receita com as vendas caia cerca de 20%, ficando entre US$ 330 milhões e US$ 340 milhões. O guidance anterior previa uma queda menor, de até 14%.
No primeiro semestre, a Beyond Meat amargou um prejuízo de US$ 112 milhões, com margem Ebitda negativa de quase 45%. A receita caiu 24% e o fluxo de caixa operacional ficou negativo em US$ 88 milhões.
Destruição de valor
Em meio à queima de caixa, a companhia já havia anunciado, em maio, um aumento de capital da ordem de US$ 200 milhões, que na época equivalia a 30% do valor de mercado.
Em 2023, as ações da Beyond Meat caem 43%. A companhia vale hoje menos de US$ 500 milhões, uma fração dos US$ 12 bilhões pelos quais suas ações já foram negociadas no auge, em 2020.
Mesmo nos tempos áureos, já tinha investidor questionando o valuation esticado. “É um bom produto, mas do ponto de vista de valuation, it’s beyond ridiculous”, chegou a dizer Quint Tatro, chefe de investimentos da Joule Financial, à CNBC.
Hoje, nem mesmo a qualidade dos produtos parece ser um atributo elogiado pelos consumidores. Resta saber até onde vai a crise.