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As incertezas que travam o valuation da São Martinho, na visão da XP

Nível de incerteza de médio prazo torna a São Martinho pouco atrativa em relação a outras alocações — XP prefere o setor de proteína animal

Cana São Martinho

A São Martinho, uma dos maiores grupos sucroalcooleiros do País, até passa por um momento positivo, mas as incertezas de médio prazo nublam as perspectivas para o investidor que deseja se expor à tese (SMTO3).

Em uma extensa análise de potencial de geração de caixa, os analistas da XP Leonardo Alencar, Pedro Fonseca e Samuel Isaak argumentaram que, apenas em um cenário otimista e menos provável, a São Martinho dará um upside real no médio e longo prazo.

As dúvidas colocadas sobre a tese englobam as perspectivas futuras de preço do etanol (principalmente considerando a entrada cada vez mais massiva do etanol de milho); uma visão mais clara sobre preços de açúcar (quanto as safras melhores do que o esperado no sudeste asiático e na Índia podem pesar?); e a própria alocação de capital da São Martinho.

Em uma tentativa de modelar esses cenários e seus reflexos no fluxo de caixa da empresa, os analistas criaram três cenários (neutro, otimista e pessimista) a partir da análise de quatro fatores: capex, preços do açúcar, etanol e moagem de cana.  

Considerando a análise de cenário neutra para a safra 2025/26, a companhia entregaria um fluxo de caixa livre de 10,4%, um patamar pouco atrativo em relação a outras opções na bolsa local. Com múltiplos similares, a equipe destaca uma alocação em proteínas (JBS, por exemplo) — que não apresentaria tantos riscos quanto a São Martinho. 

Na análise mais otimista da casa, a companhia entregaria um fluxo de caixa livre de 14%, mas a convicção de que a empresa vai atingir as premissas ali contidas, neste momento, não é grande.

Ganhos no curto prazo

Apesar da cautela, os analistas reconhecem um forte potencial de ganhos da São Martinho no curto prazo. A equipe projeta um preço-alvo de R$ 31,60 para as ações em doze meses, num upside de quase 26% em relação ao preço de tela. Nesta segunda-feira, os papéis avançam quase 2% na B3.

Entre os fatores responsáveis por esse momentum, estão um cenário de demanda resiliente de etanol, combinado à depreciação do real e à entressafra prolongada. Isso sem falar, é claro, na depreciação de ativos na bolsa brasileira — no ano, os papéis da São Martinho caíram quase 12%. 

Como reflexo de todos esses fatores, em um cenário base (um meio-termo entre o otimista e o pessimista) a equipe de analistas aumentou em 13% a projeção de Ebitda para a companhia na safra 2025/26, totalizando R$ 4 bilhões.

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