Os rumores em torno da venda da participação que o BNDES ainda possui na JBS ajudaram a derrubar as ações da gigante da carnes ao longo do último mês, interrompendo uma trajetória rumo às máximas históricas.
Para o BTG Pactual, o overhang criado pelo banco estatal, na verdade, abriu uma boa janela de compra para os investidores montarem uma posição na companhia dos irmãos Batista.
“Apesar dos investidores geralmente se afastarem de incertezas como essa do BNDES, elas podem abrir caminho para oportunidades”, escreveram Thiago Duarte e Guilherme Guttilla, analistas do BTG, em um relatório enviado a clientes.
Em doze meses, as ações da JBS dispararam quase 80%, mas amargaram uma queda de 7,4% nos últimos 30 dias, pressionados pelas informações envolvendo a venda da posição do BNDES.
Na semana passada, o Neofeed informou que o banco estatal vinha trabalhando com os bancos Citi e Santander para vender sua posição, uma estratégia que faz sentido considerando o lucro que o BNDES terá com a valorização da JBS desde que começou a montar a posição, a partir de 2008.
Atualmente, o BNDES possui 20,8% de participação na JBS, uma fatia avaliada em R$ 14,9 bilhões. Os irmãos Joesley e Wesley Batista controlam a companhia com 48,3% do capital, o equivalente R$ 34,7 bilhões. Ao todo, a JBS está avaliada em R$ 71,9 bilhões na B3.
Nos cálculos do BTG Pactual, a queda das ações da JBS ao longo de setembro fez com que os papéis fossem negociados com um retorno de 14% em relação ao fluxo de caixa livre. É um patamar atrativo, defendem os analistas.
A posição construtiva com as ações da JBS está ancorada no momento excepcional que o negócio atravessa, sobretudo no mercado de carne de frango. A dupla de analistas estimou que a JBS fará um Ebitda de R$ 35 bilhões em 2024, mais que o dobro do resultado do ano passado.
“A JBS continua sendo a melhor relação de risco-retorno e nossa única recomendação de compra no setor de proteínas”, destacaram Duarte e Guttilla. O preço-alvo dos analistas para os papéis da JBS é de R$ 48, o que embute um potencial de valorização de quase 50% sobre as atuais cotações.
Na leitura do BTG Pactual, comprar os papéis da JBS é seguir uma velha máxima do mundo dos investimentos, segundo à qual se deve “comprar ao som de canhões e vender ao som de violinos”.
Para a dupla de analistas, os investidores não deveriam ficar esperando o melhor timing para a compra das ações. O momento já pode ter chegado. “Afinal, é difícil acertar a cabeça em cheio. Às vezes, as oportunidades não esperam”.