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BRF dispara após resultado recorde. Tem espaço para mais?

Ações sobem 13%, acumulando alta superior a 160% em 12 meses. "BRF deve performar em duplo dígito", disse o CEO Miguel Gularte

As ações da BRF disparam nesta manhã em reação ao resultado recorde do primeiro trimestre, que superou as expectativas do mercado. Por volta das 11h30, os papéis subiam 13%, a maior alta do Ibovespa. A controladora Marfrig também pegou carona, subindo mais de 8%.

Depois de uma melhora tão significativa nos resultados em um ano —e de um rali das ações, com uma alta superior a 160% em 12 meses—, fica a pergunta: tem espaço para mais?

Em call de resultados nesta quarta, os principais executivos da BRF sinalizaram que sim, mesmo com a sazonalidade possivelmente jogando contra no segundo trimestre. “Quando os fundamentos da empresa se alteram, conseguimos performar bem em qualquer situação”, disse o CEO, Miguel Gularte, referindo-se às melhorias operacionais trazidas pelo programa de eficiência BRF+.

Questionado sobre qual seria o potencial para as margens da companhia, Gularte disse que a BRF deveria operar em duplo dígito. “É claro que tem fatores de mercado que não podemos controlar. Mas vamos seguir trabalhando para que a BRF seja resiliente para operar em duplo dígito”, afirmou.

Os analistas Leonardo Alencar e Pedro Fonseca, da XP Investimentos, também veem espaço para uma continuidade na valorização das ações ao ter a BRF como top pick do setor e uma recomendação de compra.

“Números tão fortes em um trimestre historicamente fraco sugerem que a empresa é menos cíclica do que se esperava anteriormente, especialmente conforme as vendas do segundo trimestre seguem sustentando boas margens, o que deve contribuir para mais revisões positivas nos números da empresa, confirmando que nós e todo o mercado devemos reconhecer tratar-se de uma nova BRF”, afirmaram em relatório.

Em relatórios distribuídos a clientes após o balanço, analistas do JP Morgan, Morgan Stanley e BTG Pactual também dizem esperar revisões das estimativas para os resultados da companhia de 2024, o que pode ainda estimular novas altas das ações.

Mas, depois de um rali tão forte, a recomendação de compra não é unanimidade. Dos três bancos, apenas o JP Morgan tem o rating overweight — Morgan e BTG mantiveram recomendação neutra.

Thiago Duarte, analista do BTG Pactual, mantém cautela em função da expectativa de aumento na oferta de frango, um comportamento esperado do setor como um todo.

“Ciclos passados nos ensinaram que, sempre que as margens estão saudáveis como agora, é uma questão de tempo antes que a oferta aumente novamente e as margens se aproximem de níveis mais normalizados”, afirmou em relatório. “É aqui que os múltiplos baseados no resultado final da BRF nos afastam de uma visão mais construtiva de 12 meses.”

Gularte afirmou, no entanto, que ainda não há sinais de aumento de oferta no mercado, que continua equilibrado.

Rio Grande do Sul

As cinco fábricas da BRF no Estado voltaram a operar — quatro delas na segunda-feira e a quinta, ontem. A empresa conseguiu garantir o abastecimento de ração para as aves e suínos apesar das dificuldades logísticas, com caminhões precisando percorrer maiores distâncias e rotas alternativas. “Do ponto de vista logístico, os desafios são muito grandes.”

A BRF arrecadou R$ 3 milhões para o fundo de ajuda humanitária do Instituto BRF. Na ação criada pela empresa para apoio à população do Estado, a empresa colocará R$ 1 para cada R$ 1 doado. A Marfrig, controladora da BRF, está fazendo a mesma campanha.

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