Máquinas agrícolas

Com vendas em queda livre no Brasil, lucro da AGCO desaba 40%

Receita na América do Sul desabou 41% no primeiro semestre, refletindo queda na produção e de preços

A AGCO, gigante de máquinas agrícolas que vem reestruturando os seus negócios para enfrentar a crise no setor, deu uma ideia do tamanho do problema ao apresentar os números do primeiro semestre.

Depois de reportar uma queda de quase 40% no lucro por ação ajustado no período, a companhia reduziu o guidance para 2024, derrubando as ações. Considerando o resultado sem ajuste, que inclui a perda estimada no negócio de armazenagem vendido recentemente, a AGCO reportou um prejuízo de US$ 2,67 por ação no semestre.

Os resultados da fabricante dos tratores Valtra e Massey Ferguson mostram retração nas vendas em todas as partes do mundo, mas os números impressionam na América do Sul, região fortemente impactada pelo desempenho do Brasil. No semestre, a receita da empresa na região desabou 41%, refletindo queda de preço e produção.

A queda na América do Sul está bem acima da média — as vendas globais recuaram 14%. Na América do Norte, a retração foi de 18% e na Europa e no Oriente Médio (EME), de apenas 2%. Como resultado, o Brasil viu seu peso diminuir nas vendas da companhia.

Outro dado que chama a atenção é o tamanho do tombo nas vendas da AGCO em relação à média do mercado brasileiro. Segundo o próprio release de resultados, as vendas de tratores recuaram 14% em toda a indústria no semestre e as de colheitadeiras, 35%.

“A menor demanda no Brasil foi negativamente magnificada pelas enchentes no Rio Grande do Sul, enquanto ela continuou sendo afetada pela escassez de crédito e por uma colheita desafiadora no Cerrado”, disse a companhia.

Assim como em outras regiões do mundo, a demanda na América do Sul deve cair em 2024 depois de três anos fortes, devido à queda nos preços dos grãos e na renda dos produtores.

“Dado o ambiente atual, estamos tomando ações agressivas, incluindo nosso programa de reestruturação recentemente anunciado para controlar despesas, reduzir os níveis de produção e diminuir os investimentos em capital de giro”, disse o CEO da AGCO, Eric Hansotia.

A empresa apresentou mais detalhes sobre os impactos da reestruturação, como a queda de 20% a 25% na produção (em horas trabalhadas) estimada para este ano. E reiterou que as mudanças podem implicar num corte de até 6% no seu quadro global de funcionários.

Guidance

Com o fraco desempenho na primeira metade do ano, a AGCO reduziu as suas estimativas para os resultados deste ano. A empresa espera uma forte redução de 48% no lucro líquido por ação, enquanto a receita deve recuar 13%. A margem operacional agora é estimada em 9%, ante 12% em 2023.

Os novos números refletem os impactos de queda nas vendas e na produção, aumento de custos, um recuo nos investimentos em engenharia e a consolidação da Trimble, uma empresa de agricultura de precisão comprada pela AGCO este ano.

Na semana passada, a companhia anunciou a aguardada venda de sua divisão de armazenagem, dona da marca GSI, por US$ 700 milhões para a gestora de private equity American Industrial Partners. A transação reforça a decisão da AGCO de concentrar suas operações em máquinas agrícolas e agricultura de precisão.

As ações da empresa, negociadas na Bolsa de Nova York, abriram em forte queda em resposta aos resultados, chegando a cair mais de 8%. Por volta das 13h, elas caíam 4,7%. A AGCO é avaliada em cerca de US$ 7,7 bilhões.

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