As mudanças no comportamento de venda do agricultor prejudicaram os resultados de uma das maiores tradings de grãos do mundo. Nesta terça-feira, a ADM divulgou uma queda de 47% no lucro antes de impostos no segundo trimestre. Entre as razões para o fraco desempenho, estão a queda nos preços de venda e as menores margens de originação.
O lucro operacional da companhia caiu 37% em relação ao segundo trimestre do ano passado, afetado pelo mau desempenho do segmento de grãos e oleaginosas. Na divisão de grãos e oleaginosas, a principal da empresa, o lucro operacional caiu 56% no trimestre, para US$ 459 milhões.
“Na América do Sul, vendas lentas dos produtores devido à queda na produção em Mato Grosso e custos logísticos mais altos relacionados a contratos de take-or-pay levaram a margens de originação muito menores”, informou a ADM no release de resultados.
Ao mesmo tempo, a maior oferta de grãos na região — em razão principalmente da recuperação da safra argentina — aumentou a competitividade das vendas da América do Sul, limitando as oportunidades de trading na América do Norte, que também viu uma redução nas margens de originação.
Também houve queda nas margens de processamento de soja, devido a condições mais equilibradas de oferta e demanda e menores preços de óleo de soja provocados por um aumento nas importações norte-americanas de óleo de cozinha usado.
Apesar dos resultados, que vieram abaixo das expectativas do mercado, a ADM manteve a sua expectativa de alcançar um lucro por ação entre US$ 5,25 e US$ 6,25 em 2024, o que representaria uma queda em relação aos US$ 6,98 reportados no ano passado. No primeiro trimestre, o lucro por ação ficou em US$ 2,49.
“Enquanto grandes colheitas na América do Sul e mudanças no comportamento de venda do agricultor afetaram os resultados no segundo trimestre, esperamos uma melhora nas margens no restante do ano”, disse o CEO da ADM, Juan Luciano.
As ações da ADM chegaram a cair mais de 6% após a divulgação dos resultados, mas reverteram as perdas e subiam nesta tarde. A empresa americana está avaliada em US$ 31,6 bilhões na Bolsa de Nova York.
